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Elmano de Freitas (PT) foi eleito com discurso de continuidade e para dar sequência ao trabalho de Camilo Santana (PT) e Izolda Cela (sem partido). Na área mais delicada, ele aposta exatamente nisso. O atual secretário da Segurança Pública e Defesa Social não fica. Sandro Caron será o gestor da área no Rio Grande do Sul, estado natal dele. Elmano, então, escolheu o segundo na hierarquia da SSPDS hoje, Samuel Elânio. A linha é a mesma. O trabalho de Caron não mostrou nada de particularmente excepcional, mas foi um período também sem maiores turbulências. É mais do que se pode dizer dos antecessores em muitos, muitos anos. Décadas até.

Mauro Albuquerque segue na Administração Penitenciária. Polêmico pelo estilo rígido, é fato que ele conseguiu estabelecer disciplina nos presídios e, sobretudo, conter a vergonhosa mortandade de presos. Poucos no Brasil conhecem gestão prisional como ele.

Na complicada Controladoria Geral de Disciplina (CGD), continuidade também, com Rodrigo Bona Carneiro. A questão disciplinar nas forças de segurança tornou-se delicada e é crucial no Ceará.

O peso da segurança

A segurança pública é a área mais crítica de todos os governos do Ceará pelo menos desde o segundo governo Tasso Jereissati (PSDB), iniciado em 1995. Os problemas atravessaram — e gradualmente se agravaram — as gestões de Lúcio Alcântara, Cid Gomes e Camilo Santana. Crises de várias naturezas: escândalo de corrupção policial, motins, facções criminosas. Ondas de crimes que envolveram assaltos a bancos, saidinhas bancárias. Escalada de violência com vários momentos em que o número de homicídios ficou fora de controle.

A última década foi disparadamente, a mais trágica da história da segurança pública no Ceará. Um descalabro sob vários aspectos. Nos tempos mais recentes, conseguiu-se pelo menos estabilidade. Mas estabilizou em patamar ruim.

O número de assassinatos segue inaceitável. O drama do momento é o domínio de facções criminosas sobre vários territórios, afetando tremendamente a vida de muitas famílias nos mais diversos aspectos. Há muito a ser feito. A atual equipe, que terá prosseguimento, tem méritos. Mas, há muito mais a caminhar do que o que foi feito até agora.

Presença de mulheres

Elmano começou o anúncio da equipe de secretários sem cometer o mesmo erro do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Prometeu paridade de gênero na equipe — compromisso que Lula não assumiu, embora questionado a respeito, e que não adotará. Elmano começou os anúncios com quatro homens e três mulheres. Elmano não deixou para depois o anúncio das primeiras mulheres na equipe.
Não menos importante que uma delas, Tânia Mara Coelho, estará à frente de um dos maiores orçamentos do Estado, na Saúde.

Nem tão bom o fato de que duas dela sejam esposa do senador eleito Camilo Santana e filha da governadora Izolda Cela. Isso não diz sobre a competência de Onélia Santana (Proteção Social) ou de Luísa Cela (Cultura). Diz, sim, sobre práticas políticas que não são as mais atuais nem as mais saudáveis.

Nos três casos, de todo modo, a linha é também de continuidade. Onélia segue na secretaria e Tânia e Luísa tiveram funções estratégicas nas atuais gestões das pastas que assumem em janeiro.