Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Uma complicação na crise pedetista é a falta de alguém capaz de fazer a mediação. Todos estão envolvidos demais na contenda. O senador Cid Gomes se afastou da campanha porque disse que queria se preservar para ser o bombeiro da pacificação. Hoje, ele está no epicentro do incêndio, como alguém que fez as labaredas reacenderem. O prefeito José Sarto está enrolado na briga. O presidente da Assembleia, Evandro Leitão, está firme em um dos lados. Roberto Cláudio é outro dos protagonistas da briga. Ciro Gomes está longe. Alguém crê que as coisas se acalmem quando ele aparecer? Resta o presidente, André Figueiredo. É quem mais tem condições para isso, mas está também ocupado com a direção nacional. O partido arde e não se encontra saída de incêndio.
Ainda bem que é Haddad
O PT fincou o pé para ter o Ministério da Fazenda. No cargo está uma das estrelas do partido, Fernando Haddad. Alvo de pressão grande do próprio partido, que discorda de decisões tomadas. Ainda bem que é Haddad. Se é assim com ele, imagine com alguém que os petistas não quisessem.
Exploração escondida e falta de vergonha pública
Três vinícolas famosas do Rio Grande do Sul foram apanhadas numa brutal exploração de trabalho escravo, algo terrível até para os padrões convencionais do trabalho análogo à escravidão. As pessoas eram mantidas sob restrição de liberdade, recebiam comida estragada e azeda e eram obrigadas a pagar por ela, com valores superfaturados que passavam a constituir dívidas usadas como argumento para mantê-los cativos. Os trabalhadores explorados, baianos, relatam choques elétricos, uso de spray de pimenta e ameaças com armas.
Uma entidade chamada Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves divulgou nota dizendo que as vinícolas são inocentes e de nada sabiam. Mas, foi além e apontou que a raiz do problema é falta de mão de obra, porque "há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade". Ou seja, programas sociais, dos quais o Bolsa Família é o principal.
Ora, os empreendedores de Bento Gonçalves lamentam que pessoas "com plenas condições produtivas" não estejam famintas demais, desesperadas demais e sem alternativas demais para aceitar a qualidade de emprego que é ofertada a elas no ramo. Daí as prestadoras de serviço das vinícolas terem encarcerado trabalhadores e os explorado como fizeram. É asqueroso e desavergonhado.
As vinícolas contrataram mão de obra de local onde a exploração ocorria. Negam conhecimento, mas, legalmente, têm responsabilidade solidária pelas práticas de quem presta serviços a elas. As vinícolas são Aurora, Salton e Garibaldi.
Vereador xenófobo
A cereja desse bolo foi a fala do vereador de Caxias do Sul Sandro Fantinel (agora expulso do Patriota), que ficou zangado com a fiscalização que libertou os trabalhadores — e com as vítimas por acharem ruim serem explorados. “Temo que botar ele em hotel 5 estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”, ironizou. Disse que a situação ocorria porque os trabalhadores baianos vivem “na praia tocando tambor” e são acostumados “com Carnaval e festa”. O vereador disse que foi “mal interpretado”. No fim, a culpa ainda é minha e sua, que não entendemos o que ele disse.
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