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O peso estadual na decisão do PT em Fortaleza
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O peso estadual na decisão do PT em Fortaleza

Decisões do PT costumam ser tomadas pela instância municipal, mas na próxima eleição deve ser um pouco diferente
Tipo Opinião
Elmano terá mais peso em 2024 do que Camilo tinha em 2016 e 2020 (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE Elmano terá mais peso em 2024 do que Camilo tinha em 2016 e 2020

A próxima eleição para prefeito tem ingredientes diferentes para o PT em Fortaleza. Desde o fim da década de 1990, a direção municipal tem maioria do grupo ligado à deputada federal Luizianne Lins. É uma corrente considerada mais à esquerda que a direção estadual — há mais tempo ainda comandada pelo grupo do deputado federal José Guimarães. Pela forma de tomada de decisões no partido, esse grupo com maioria na Capital fez prevalecer as posições nas eleições em Fortaleza. Por vezes de modo bastante apertado, como foi em 2004, quando Luizianne conseguiu ser candidata, e se eleger, a despeito de a cúpula nacional e o governo Lula — então no primeiro mandato — serem contra. Nas últimas eleições municipais, em 2016 e 2020, Camilo Santana (PT) era governador e queria que o partido não tivesse candidato, para se compor com o PDT, dos Ferreira Gomes. Mesmo com a popularidade e a força do cargo, a posição de Camilo nunca foi considerada seriamente. Luizianne foi candidata nas duas ocasiões. Para 2024, o cenário se projeta diferente, em vários aspectos.

Candidatura do PT

As várias vozes do PT parecem concordar que o partido terá candidato. Pedetistas não creem em aliança. Têm um bom motivo para tal. Se em 2016 e 2020, quando Camilo e Roberto Cláudio estavam encangados para cima e para baixo, não houve acordo, que dirá agora, com o próprio PDT em pé de guerra e as cicatrizes da última eleição ainda doloridas. Então, hoje não há perspectiva de haver uma articulação mais incisiva em prol de um entendimento, sobretudo em torno do prefeito José Sarto. O gestor até deu sinalizações de que gostaria do apoio do PT, em troca de uma adesão pedetista a Elmano. O que ocorreu foi uma intensificação do tom da oposição desde a votação da Taxa do Lixo.

Porém, nessa definição sobre a provável candidatura a prefeito, o peso de Elmano agora deverá ser maior do que o de Camilo em eleições passadas. O hoje governador vem desse grupo que comanda o PT na Capital. Foi ele próprio candidato a prefeito e é enfronhado na política de Fortaleza.

Além disso, há o próprio Camilo, que cresceu em força e popularidade, está dentro do governo Lula e tem entrado com força nas articulações políticas. Elmano sabe como e por que foi eleito e não deixará de considerar aquilo que o ministro pensa.

Ou seja, não haverá no ano que vem o que ocorreu em anos anteriores, em que o PT municipal tomava as decisões independentemente das demais instâncias. Ao mesmo tempo, pelo modo de ação e organização petista, as coisa serão encaminhadas de modo a não atropelar a direção municipal.

Aliás, o presidente do diretório em Fortaleza é Guilherme Sampaio, vereador que assumiu como suplente o mandato de deputado estadual. Fernando Santana tirou licença da Assembleia Legislativa por quatro meses para abrir vaga para ele. A ideia é que haja rodízio de licenças dos deputados petistas, um saindo por vez para que Guilherme possa exercer o mandato.

Não se trata de democracia ou ditadura

O discurso bolsonarista contra Lula e o PT aponta as relações mantidas com ditaduras de esquerda na América Latina. Quem vê pensa se tratar de democratas. Vê-se agora o tipo de relação mantida com a ditadura absolutista da Arábia Saudita, provavelmente a mais brutal e sanguinária do mundo. Não apenas relações diplomáticas, ao que se vê na troca de presentes.

Toda ditadura deve ser criticada, toda. Elas suprimem a vontade popular, sempre se arvorando de defensoras do povo. No fim das contas, a questão é autoritarismo e personalismo.

O discurso de Jair Bolsonaro não é por serem ditaduras, mas por serem de esquerda. Pior que isso só o fato de Bolsonaro ser defensor da ditadura não de outros países, mas da mais recente instalada no próprio Brasil.

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