Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública
Deputado federal mais votado do Ceará, André Fernandes (PL) teve até agora dois momentos em que foi notado na Câmara. Em um ficou tão zangado que quebrou o microfone. Para mostrar como ele é indignado, como ele é valente. Seria fofo se não fosse teatral. O outro momento foi nesta terça-feira, 28. Fernandes foi alvo de deboche do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB). O deputado gosta de posar de descolado, que afronta mesmo. Era até um tipo de humorista. Mas não parece aguentar quando vira alvo. Aí exige liturgia. Ele ficou descompensado por o ministro pedir a ele para não quebrar microfone e, depois, dizer que iria virar anedota. Tentou em vários momentos interromper o ministro.
Dino o levou na chacota, mas mantendo aparência de civilidade. Imberbes bolsonaristas achavam que iriam deixar contra a parede o ex-juiz, ex-deputado, ex-governador, senador licenciado e atual ministro. A autoestima às vezes não precisa de lógica. Havia assimetria de inteligência entre os envolvidos. Dino levou Fernandes e os colegas para valsar.
O deputado cearense quer instalar uma CPMI sobre o 8 de janeiro. Dino naturalmente seria um dos depoentes. Fernandes talvez devesse se perguntar se a ideia é boa. Ele fez fama nas redes sociais. Gravar vídeos sem contraponto é mais fácil.
O alvo dos opositores
A oposição ao governo Lula (PT) não conseguiu ainda instalar CPI para investigar os atos golpistas de 8 de janeiro, mas conseguiram aprovar a ida de ministros a comissões do Congresso Nacional para falar do assunto. O Poder Legislativo deve mesmo se debruçar sobre o que ocorreu naquele dia, até porque foi um dos alvos — além, da própria democracia. Mas, francamente, começar as investigações sobre atos golpistas por membros do atual governo, que era alvo da fúria dos que praticaram a depredação, é inusitado.
Os opositores apontam que teria havido omissão de personagens do governo, e miram principalmente Flávio Dino. Faz sentido. O absurdo do 8 de janeiro teve várias causas e entre elas há sinais de que houve erro, também, do governo que assumiu uma semana antes. Vale investigar isso. Mas, daí a investigar só isso?
Porque houve também os golpistas que praticaram as depredações. Sobre esses, a ala bolsonarista uma hora acusa de serem esquerdistas infiltrados, outra hora reclama das condições em que eles eram mantidos presos. Além desses, há quem planejou, organizou, quem financiou. E há o Governo do Distrito Federal, responsável pela segurança do espaço. Para Fernandes e afins nada disso interessa. O único alvo são autoridades do governo que os golpistas de 8 de janeiro queriam atingir. Não dá para levar a sério.
Por que tantas joias?
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu um terceiro pacote de joias do governo da Arábia Saudita, no valor de pelo menos meio milhão de reais. Entre os itens estava um relógio Rolex de ouro branco, cravejado de diamantes.
É grave que joias não declaradas tenham entrado no País. Mas, já é o caso de saber a razão de o regime ditatorial saudita dar tantos presentes. Por quê? Eles também deram tantos e tão valiosos presentes a outros presidentes? Ou a deferência é especial a Bolsonaro.
O presidente e outros agentes do governo fizeram 150 viagens ao país. Grandes negócios foram fechados. Recentemente, Bolsonaro devolveu um pacote de joias. Que haja outro em poder dele e não tenha devolvido sugere velhacaria.
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