Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O ministro da Educação não se porta mais como o governador radicalmente aliancista. O tom agora é de quem sabe ser o principal líder da política no Ceará e usará essa força
Aparentemente não há ninguém mesmo que leve fé na aliança entre PT e PDT em Fortaleza na eleição do ano que vem. O PDT tem o prefeito, José Sarto, o PT faz oposição e quer ter candidato. No Estado, o PDT apoia o governador Elmano de Freitas (PT), com exceção do núcleo do partido justamente na Capital. Não há muitos motivos realmente para apostar em aliança.
Aliás, pelo menos nisso o ministro Camilo Santana (PT) e o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) pensam de forma parecida. "Ao longo do período em que eu fui governador do Ceará, oito anos, o PT e o PDT estiveram separados em Fortaleza", disse Camilo em entrevista na segunda-feira ao Debates do Povo, nas rádios O POVO CBN e CBN Cariri. Roberto Cláudio afirma o mesmo: não houve aliança entre petistas e os Ferreira Gomes nem quando o à época prefeito e o então governador rodam a cidade encangados e alardeando parcerias, que dirá no atual e estranho momento.
Porém, chamo atenção para a postura de Camilo. Mais do que ele disse no Debates: "O que eu sempre lutei foi pela permanência do PT e PDT unidos no nível estadual. E que a gente pudesse, onde fosse possível construir aliança, nós fôssemos construindo. E é isso que eu continuo defendendo. Claro que cada município vai ter suas especificidades, suas realidades diferentes".
Portanto, ele trabalha, sim, pela aliança estadual. E defende acordos nos municípios onde for possível, conforme a realidade local. Mas não faz aceno a um entendimento em Fortaleza. Mais que isso, o tom adotado por ele não é mais daquele Camilo radicalmente aliancista que existiu até 18 de julho de 2022, noite em que o PDT decidiu que Roberto Cláudio, e não Izolda Cela, concorreria ao governo.
É fato que o PT e o grupo hoje no PDT são adversários desde 2012 na Capital. Porém, Camilo fazia esforço em sentido diferente. Ainda em 2012, ele era secretário do governo Cid Gomes e chegou a se desincompatibilizar para ser opção de candidato do PT a prefeito. A intenção era sinalizar à então prefeita Luizianne Lins alternativas no PT que Cid aceitava apoiar. Na época, porém, o escolhido foi Elmano de Freitas, hoje governador. Aquela opção encerrou a aliança na Capital. Em 2016, Camilo trabalhou para o PT apoiar a reeleição de Roberto Cláudio, sem sucesso. Em 2020, tentou convencer o partido a apoiar Sarto, e também não conseguiu. Mas tentou.
Antes, Camilo trabalhava como o representante momentâneo de uma aliança que começou antes dele e que trabalharia para que continuasse depois. Agora, o tom do ministro é o de quem sabe ser o principal líder político do Estado e conduzirá as articulações de olho primeiro no próprio partido. E há movimentos no PT de quem deseja ser candidato, ou candidata.
A chance de reviravolta
A aliança entre PT e os Ferreira Gomes em Fortaleza não ocorre desde 2008. Em poucas ocasiões ela foi tão improvável quanto agora. Está longe de ser o cenário mais factível, mas, existe uma chance de as relações estremecidas serem justamente o fator que permita um entendimento. O PDT está na Prefeitura e certamente não abriria mão para o PT, que já tem o governo. Porém, para atender aos interesses do governo Elmano de preservar a harmonia na base, não seria impossível o PT apoiar um nome do PDT. Certamente, não Sarto. É nesse cenário que há quem defenda Evandro Leitão, presidente da Assembleia e forte aliado de Elmano. A operação, todavia, não é simples. O PDT rifar o próprio prefeito é algo que costuma provocar traumas e ter efeito reverso — vide Izolda 2022. Com Sarto, isso é ainda mais difícil de ocorrer, pois ele foi eleito como cabeça de chapa. O prefeito teria de estar inviável politicamente para a sigla escolher outro candidato. Os movimentos do pedetista são intensos para que não chegue a esse ponto em 2024.
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