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Girão pode enrolar o que já está enroscado
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Girão pode enrolar o que já está enroscado

Senador é apontado como potencial candidato pelo Novo a prefeito de Fortaleza em 2024
Tipo Opinião
Girão faz movimento natural para as eleições 2024 (Foto: Edilson Rodrigues)
Foto: Edilson Rodrigues Girão faz movimento natural para as eleições 2024

Comentei outro dia sobre a divisão do campo conservador, com as candidaturas de Capitão Wagner (União Brasil) e do PL. O Novo sinaliza lançar Luis Eduardo Girão, conforme informou Guálter George no podcast Jogo Político. Isso embolaria o que já é enroscado na busca por esse eleitorado. Nas eleições municipais de 2020 e estaduais de 2022, todas essas forças — Capitão, Girão e o bolsonarismo — estavam juntos e perderam.

Trata-se, porém, de projetos distintos. O fato de estarem até o ano passado unidos em torno do governo Jair Bolsonaro era um fator que contribuía para a aliança. Agora, faz sentido que cada um busque fortalecer o próprio projeto, para não ficar a reboque.

Girão tem cenário mais complicado, certamente. União Brasil e PL são grandes partidos, o Novo é bem pequeno. Além disso, o senador é uma personalidade, mas não representa um grupo. Diferentemente do bolsonarismo e de Wagner, que tem em torno de si um bloco considerável e também uma militância.

Valorização

Faz sentido Girão pretender ser candidato. O mandato de senador se encerra em 2026. A próxima eleição pode projetá-lo para o futuro político. E se colocar no páreo agora tem sentido até se ele não concorrer. Porque o valoriza para eventuais negociações com Wagner ou o PL — o que parece mais a vocação do Novo. Em que pese o partido ter restrições a alianças.

A preocupação que Lula deve ter

Na pesquisa Ipec divulgada na semana passada, aliados do presidente Lula comemoraram a aprovação entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL). Há 8% de eleitores do ex-presidente que consideram o governo atual ótimo ou bom. É realmente de impressionar, diante dos extremos inclusive emocionais a que foi levado o embate político, que eleitores bolsonaristas achem positivo o governo petista. Mas, calma lá na leitura desse dado. O percentual de 8% é baixo. Em qualquer pesquisa de caráter estimulado, haverá um percentual de pessoas que respondem qualquer coisa. Mais significativo é o índice de 33% que considera a gestão federal regular. É nada menos que um terço dos que votaram em Bolsonaro. Justamente pelo cenário de extremismo, quem vota em Bolsonaro e não acha o governo ruim é digno de nota.

Porém, há de se considerar, também, que nem todo eleitor de Bolsonaro é bolsonarista radical. Assim como nem todo mundo que votou em Lula é adepto do PT. Houve, de um lado e outro, os que votaram, digamos assim, tapando o nariz, mais preocupados em derrotar o outro lado que em eleger o escolhido. Daí ser significativo Lula ter aprovação, ou pelo menos não ser reprovado, da parte de quem votou para derrotá-lo.

Já entre os eleitores de Lula, 88% dizem que aprovam o governo até agora e 8% desaprovam. São 68% que acham a administração ótima ou boa, 27% consideram regular e 3%, ruim ou péssimo. Esse índice é relevante e positivo para Lula. Justamente porque parte desse contingente que votou nele não tem propriamente simpatia pelo atual presidente. Não foram poucos os críticos do PT que escolheram Lula unicamente por falta de opção e por entenderem que Bolsonaro seria pior que qualquer um.

Os desgastes e polêmicas de início de mandato ameaça a popularidade do presidente particularmente nesse setor hesitante e naturalmente crítico. O que o Ipec mostra é que, se houve estrago, ele não é de grandes dimensões.

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