Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Repete-se que avião não cai por um motivo só, é preciso uma série de erros. Uma força política do tamanho do PDT no Ceará também não desmorona por uma causa só. A briga do PDT está relacionada à derrota eleitoral e envolve uma briga familiar, o que sempre complica tudo. Porém, começa no processo de definição da candidatura, chega aos rumos após as eleições e aos posicionamentos dos líderes agora.
Antes da campanha
O PDT iniciou um processo de percorrer o Ceará com quatro pré-candidatos. Isso foi feito de forma mais ou menos parecida pelo grupo em 2014 — quando havia cinco pretendentes e o escolhido não foi nenhum deles, mas Camilo Santana (PT) — e em 2020, no âmbito municipal. A disputa interna sempre esteve submetida à vontade dos líderes. O problema é que a condução saiu do controle. Camilo pretendia comandar, mas é de outro partido. Ciro Gomes (PDT) tinha planos diferentes dos demais líderes. Cid, que poderia conter a situação, afastou-se na intenção de não brigar com o irmão.
Ciro sem controle e sem estratégia
Ciro tentou assumir as rédeas do processo. Mostrou que nem tinha o controle no grupo nem soube traçar estratégia. Convenhamos, ele nunca fez isso. Despontou como coadjuvante de Tasso Jereissati (PSDB), que puxava as definições. Sobretudo após 2002, voltou-se às questões nacionais e delegou a Cid a condução estadual. Ciro nunca esteve à frente e quando assumiu esse papel, as coisas deram errado para ele como nunca antes.
Para Cid também deu errado
Cid retirou-se no momento de decisão, segundo disse, para não bater de frente com Ciro. Quando a campanha estava na rua, ele foi explícito sobre o que faria: apoiou o irmão para presidente e Camilo para senador. Sobre a eleição para governador, disse: “Eu vou me preservar para o segundo turno”. No fim das contas, brigou feio com Ciro, não houve segundo turno no qual ele pudesse ser mediador e a aliança segue um engodo.
Rumo a seguir
Passada a campanha, há duas teses. De um lado os governistas. Aqueles que já aderiram à campanha de Elmano de Freitas (PT) e outros que se juntaram a esse grupo após a eleição. São quase todos. E há o grupo de Ciro e Roberto Cláudio, que se mantém na oposição. Defendem que o partido não deve se alinhar tanto ao PT e Camilo, e aceitam a ideia de ter dissidências e o partido ficar bem menor, para não se submeter à corrente majoritária. São caminhos. Não há nada necessariamente errado em um partido aceitar ficar menor. Porém, perderá poder e relevância de forma acentuada. Não é usual trilhar esse caminho deliberadamente. Já a adesão para se manter perto do poder é mais usual. Também me parece que a forma como os petistas governistas aderiram é um pouco além do necessário. Pode ser uma resposta à divisão interna. Porém, o apoio poderia ser menos afoito e ocorrer de maneira mais, digamos, elegante.
Enrolado
Numa coisa Cid Gomes tem razão: o prefeito José Sarto (PDT), ao aderir tão abertamente à posição oposicionista, mergulhou a Prefeitura de Fortaleza numa confusão que só se agrava. Não sei se ele tinha opção. Caso assumisse postura neutra, Ciro e Roberto Cláudio eram capaz de pegá-lo pelo pescoço.
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