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Os votos para Dino
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Os votos para Dino

Desde século XIX que indicações para o Supremo não são rejeitadas, e não parece que será desta vez, mesmo com toda rejeição à indicação de Flávio Dino
Tipo Opinião
Supremo Tribunal 
Federal (STF) (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/ARQUIVO)
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil/ARQUIVO Supremo Tribunal Federal (STF)

A indicação de Flávio Dino para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) causou muito barulho da oposição, mas a chance de ser rejeitado no Senado é considerada diminuta. Aliás, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), asseguraram ao presidente Lula (PT) haver votos. Calcula-se que Dino tenha mais de 50 senadores a favor dele. São necessários 41. A votação é secreta, então risco existe. Mas, Pacheco e Alcolumbre garantem a aprovação. A oposição aposta na mobilização e em desgastar a indicação perante a opinião pública para pressionar os senadores. No Congresso, não se aposta, hoje, que isso possa atrapalhar Dino. Em 133 anos de história do STF, houve cinco indicações rejeitadas, todas no mesmo ano, em 1894, no conturbado governo do marechal Floriano Peixoto.

Plano para arenas da Copa murchou

Paul McCartney inicia nesta quinta-feira, 30, em Brasília, turnê de shows pelo Brasil. Passará por Belo Horizonte, São Paulo, Curitiba e Rio de Janeiro. Uma década atrás, em maio de 2013, fez um show no Castelão que mobilizou as classes média e alta de Fortaleza. A ausência de Norte e Nordeste na nova turnê é um dos reflexos do fracasso da política das arenas da Copa do Mundo de 2014 — todas caríssimas, várias superfaturadas, quase todas consumindo dinheiro público.

O modelo era construir espaços não apenas para eventos esportivos, mas para grandes shows musicais. O Castelão recebeu também Beyoncé, Jennifer Lopez, Iron Maiden, Maroon 5, Evanescence, Black Eyed Peas, entre outros. Entre atrações nacionais, houve show de Roberto Carlos no estádio.

Esse modelo, para o Castelão e grande parte das “arenas” da Copa, foi um projeto que não atingiu os objetivos e não funcionou como previsto, apesar das centenas de milhões de dinheiro público injetadas em cada um dos 12 estádios, ou diretamente pelo poder público ou por meio de financiamento. Foi muito dinheiro aplicado em um equipamento que não se sustenta daquele modo. Embora o Castelão esteja longe de ser o caso mais problemático.

As “arenas” — recorreu-se a uma terminologia da antiguidade para vender modernidade dos consagrados estádios — passam por problemas diversos. Em Cuiabá (MT), a Arena Pantanal estava inacabada pelo menos até o ano passado. O projeto para a Copa ainda não havia sido concluído e novas reformas eram realizadas no equipamento construído para 2014. Como o estádio é pouco usado, foi instalada ali uma escola, com salas de aula nos camarotes. E olha que hoje o Cuiabá acumula campanhas dignas de nota na série A.

A Arena Amazônia, em Manaus (AM), é outra vítima de esvaziamento. Até a Arena Pernambuco, no Recife (PE), padece desse mal. A capital pernambucana transpira futebol, mas os três grandes clubes têm seus estádios. O planejamento da Copa, claramente, foi feito por quem achava que dinheiro estava sobrando. Não houve preocupação em avaliar as reais demandas e a sustentabilidade. Nada que não fosse apontado dez anos atrás.

Até onde o futebol dá conta da ocupação das “arenas” a situação é problemática. É o caso do Castelão, assim como do mítico Maracanã. Pelo acúmulo de jogos, o gramado apresentou problemas durante quase todo este ano. O Mineirão até recentemente estava na mesma situação. No caso do Castelão, quando havia shows era ainda pior, com gramados prejudicados e bem feios.

Promessas e realidade

É importante voltar ao tema para avaliar o que foi feito com o dinheiro público, quais as promessas e o que se concretizou. No Ceará, e em vários lugares, todos os grupos políticos envolvidos seguem por aí e devem ser cobrados. Até porque há outras tantas ideias que surgem com previsão de gastar muito dinheiro em troca de resultados extraordinários. É preciso ficar de olho. Inclusive, alguns dos custosos empreendimentos contemporâneos das arenas continuam inconclusos por aí.

Foto do Érico Firmo

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