Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Há no momento uma boa disputa travada entre Prefeitura de Fortaleza e Governo do Ceará sobre gratuidades no transporte coletivo. A Prefeitura de Fortaleza deu duas gratuidades por dia aos estudantes. No âmbito estadual, nesta quarta-feira, 29, foi aprovado o programa chamado “VaiVem”, que concede duas gratuidades diárias no transporte intermunicipal metropolitano, um dos pilares da plataforma de campanha do governador Elmano de Freitas (PT).
Devido ao tempo de tramitação, o prefeito José Sarto (PDT) chegou a ironizar o programa: “O VaiVem nem vai nem vem”. O líder governista Romeu Aldigueri (PDT), por sua vez, responsabiliza pedidos de vista feitos por deputados aliados do prefeito pela demora.
Há ainda uma disputa entre base governista e opositores pela inclusão de Fortaleza. Inicialmente, os moradores da Capital não seriam contemplados. Depois que oposicionistas protestaram e apresentaram emenda, o presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão (ainda no PDT) também apresentou emenda nesse sentido, que foi acatada pelo governador.
Essa é uma briga que ao menos rende frutos à população. Outro dia era uma disputa sobre corte de recursos para tratamento contra o câncer, responsabilidades mutuamente apontadas por esgoto lançado no mar, debate sobre a culpa pelo aumento da tarifa de ônibus. Dessa vez pelo menos o povo sai ganhando.
Peso eleitoral
Ônibus é uma das políticas públicas que mais afetam o cotidiano fortalezense. Antes da pandemia, o número de passageiros de ônibus, por mês, passava de 20 milhões. A capital tem 2,4 milhões de habitantes (muita gente pega ônibus dezenas de vezes ao mês). Na Região Metropolitana de Fortaleza, a quantidade se multiplica exponencialmente. Não por acaso, o assunto tem grande impacto eleitoral.
A campanha eleitoral que elegeu Maria Luiza Fontenele, em 1985, mostrou bastante as imagens da greve de motoristas que ocorria nas semanas que antecederam a eleição, em contornos particularmente dramáticos quando um deles foi morto a tiro. No governo, foram muitas as greves que a prefeita teve de enfrentar. Além das acusações sobre uma cartilha que estimularia a população a incendiar ônibus.
Na época de Juraci Magalhães, a popularidade do prefeito foi muito impulsionada pelos terminais de integração. Luizianne Lins (PT) manteve o congelamento da passagem ao longo do primeiro mandato, o que a ajudou a se reeleger no primeiro turno. Na gestão Roberto Cláudio, o Bilhete Único e os corredores de ônibus foram medidas que ajudaram a transformar a mobilidade em carro-chefe da gestão perante a opinião pública.
Sarto tem sua marca agora com as gratuidades estudantis. É das medidas mais vistosas que tem para levar à campanha no ano que vem. A candidatura apoiada pelo Elmano terá as gratuidades intermunicipais. A inclusão de Fortaleza teve participação de Evandro, visto como candidato preferido da cúpula governista estadual. Mas, dependerá a quantas estará a implantação do “VaiVem”. No Município, os estudantes já têm duas passagens gratuitas por dia há algumas semanas.
Futuro
Na campanha eleitoral, é previsível o surgimento de propostas para ampliar a gratuidade, ou em quantidade de viagens ou estendendo a outros públicos. O debate é pertinente e saudável. Desde que considere a viabilidade do que é prometido.
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