Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O senador Cid Gomes está com dificuldades para encontrar uma legenda capaz de receber o grupo político. O histórico dele e da família com partidos não é bom. Os problemas sempre ocorreram em função de desentendimentos nacionais. O conflito com o PDT é provavelmente aquele com componentes mais locais, embora o desfecho com a iminência de migração em massa esteja relacionado justamente ao fato de o líder local do grupo antagônico — o deputado federal André Figueiredo — ser hoje o presidente nacional pedetista.
A preocupação de Cid e dos líderes do grupo têm sido as composições locais, em particular nos municípios. Há questões que envolvem as chapas de vereadores, os cálculos de potencial eleitoral e o impacto da chegada dos egressos do PDT. No plano estadual, o senador quer garantir o alinhamento com o governador Elmano de Freitas (PT) e o ministro Camilo Santana (PT). Essa é a questão com o PSB.
Ao menos nas manifestações públicas, Cid minimiza os aspectos nacionais relacionados aos possíveis destinos. Mas foram essas as questões que acabaram forçando todas as migrações do grupo.
Trajetória turbulenta
Ciro Gomes disputou a primeira eleição para deputado estadual em 1982, pelo extinto PDS, partido da ditadura agonizante, herdeiro da Arena. Ficou na suplência, assumiu o mandato e migrou para o PMDB em 1983. Foi onde Cid iniciou a carreira política. O líder do grupo era Tasso Jereissati, que vinha se desentendendo com o partido, em particular na eleição presidencial de 1989. No começo de 1990, eles foram, todos para o PSDB, pelo qual Cid se elegeu deputado estadual. Ciro se projetou como estrela nacional, foi ministro da Fazenda, mas teve as ambições contidas quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) virou presidente. Enquanto isso, Cid foi presidente da Assembleia Legislativa e se elegeu prefeito de Sobral unindo PSDB e PT. Em 1997, as desavenças com o governo FHC e o projeto nacional de Ciro os levou ao PPS.
Ciro concorreu a presidente em 1998 e 2002. Virou ministro de Lula indicado pelo PPS. Mas, o partido decidiu ir para a oposição ao governo petista. Ciro decidiu seguir no governo e, em 2004, o grupo trocou o PPS pelo PSB. Partido pelo qual Cid se elegeu governador. Ciro queria ser candidato a presidente de novo em 2010, mas o comando nacional preferiu apoiar Dilma Rousseff (PT). Em 2014, Ciro e Cid queriam apoiar a reeleição de Dilma, mas o presidente nacional, Eduardo Campos, decidiu ser candidato.
Foi então que os Ferreira Gomes migraram em 2013 para o Pros, de longe o partido mais esquisito pelo qual passaram. Não demoraram os atritos com o comando nacional. Aliados de Cid começaram a ganhar espaços, enquanto apontavam amadorismo na cúpula partidária. Em 2015, trocaram de novo de partido e foram para o PDT, de onde estão de saída como desdobramento do racha eleitoral de 2022 e de divergências sobre apoiar ou não o governo Elmano.
Questão de hegemonia
Os Ferreira Gomes foram força coadjuvante no PMDB e passaram à condição de segunda força do PSDB no Ceará. No PPS, tiveram o controle total no Estado, assim como ocorreu no Pros. No PSB, eles chegam sem ter o controle. A direção estava com Sergio Novais. O grupo pouco a pouco ganhou espaços, até tomar todo o partido em 2011 — para sair dois anos depois.
O novo destino partidário está sendo escolhido não mais de olho no projeto nacional de Ciro, mas das circunstâncias locais. As perspectivas estão redimensionadas.
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