Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O governador Elmano de Freitas (PT) nomeou o segundo colocado na lista tríplice para procurador-geral de Justiça (PGJ), Haley de Carvalho Filho. O mais votado entre membros do Ministério Público havia sido Eneas Romero. Havia acordo entre os seis candidatos a comandar a PGJ para não aceitarem a indicação caso não fossem o mais votado. Então, quem não aceitou foi Elmano. Ele interpelou o Ministério Público sobre se a lista tríplice enviada a ele era válida ou não. Se ele realmente podia indicar qualquer uma das opções.
Elmano argumentou defender a lista tríplice como prerrogativa do governador. É dado ao chefe do Poder Executivo, com mandato popular conferido pelo voto do conjunto da população, o direito de escolher. A escolha precisar ser feita entre nomes da lista tríplice é mais do que se estabelece no plano federal. A lista tríplice para procurador-geral da República é informal. O presidente da República não precisa segui-la — e Lula não o fez ao escolher Paulo Gonet.
O papel do procurador-geral de Justiça, de fato, deve ir além de representar os interesses dos membros do Ministério Público. Penso que, no plano federal, deveria haver lista tríplice oficial, para dar voz àqueles que fazem a instituição. Mas, no fim das contas, é igualmente correto que a votação entre os membros não seja a palavra final. E o governante eleito tem poder de escolha, entre opções dadas a ele.
As conversas do grupo do senador Cid Gomes para ingressar no PSB ao saírem do PDT estão avançadas. O complicador é a pressão do PDT, ao afirmar que não apoiará a reeleição do prefeito do Recife, João Campos, caso não recebe apoio recíproco a José Sarto. Recife é a maior capital do PSB, assim como Fortaleza é a maior pedetista. E Pernambuco é o coração do PSB, desde os tempos de Miguel Arraes, passando por Eduardo Campos. Se isso não se resolver, Cid e aliados não vão para o PSB.
E o prefeito de Fortaleza, se puder, irá atrapalhar. Ele destacou o desejo em ter o PSB de volta à sua aliança e disse que as negociações são tratadas nacionalmente. Há conversas sobre a formação de uma federação entre PDT e PSB para 2026, para alcançarem a cláusula de barreira — se os partidos não tiverem o desempenho eleitoral estabelecido, passam a ter uma série de restrições de espaço.
Questionado se quer ter o PSB ao seu lado, Sarto disse: “Claro, quem é que não quer ter o apoio. Inclusive eu já fui militante do PSB, quando, há um tempo atrás, a gente escolheu o Roberto Cláudio para ser candidato a prefeito de Fortaleza. Esse é um debate que está sendo feito em nível nacional, por conta da federação de partidos”, afirmou no podcast Jogo Político, na quinta-feira, 21.
O PSB era base de Sarto e inclusive indicou o vice-prefeito, Élcio Batista — que migrou para o PSDB no começo do ano. Eudoro Santana assumiu a presidência no Ceará este ano com o objetivo de levar a legenda para a base do filho, Camilo Santana, e do governador Elmano de Freitas. Já foi aprovado, no Ceará, que o PSB estará na aliança petista e não apoiará a reeleição de Sarto. Mas, as conversas prosseguem nacionalmente e o grupo que deseja se filiar ainda não sentiu a segurança de que o caminho será mesmo esse e não haverá surpresas.
Justamente a surpresa que Sarto quer e busca.
Um Natal feliz e sem confusão em família por causa de política.
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