Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Em dado momento de 2023, o prefeito José Sarto (PDT) era dado quase como descartado nas rodas políticas para um segundo mandato. Da improbabilidade da vitória, passou-se a duvidar que ele seria candidato. Pessoas próximas ao Palácio da Abolição analisavam que Roberto Cláudio seria o candidato do PDT. Por simples motivo: falta de opção. Fragilizado como está, o grupo não poderia perder Fortaleza. Teria de ir com seu nome mais forte, e esse é RC. Principalmente no segundo semestre, o sentimento em relação a Sarto nas rodas políticas mudou. Tornou-se mais raro encontrar quem duvide da competitividade dele, embora siga sendo difundida a hipótese Roberto Cláudio. O histórico de Fortaleza mostra que Sarto não pode ser subestimado. Desde que a reeleição foi instituída, em 1997, três prefeitos tentaram na capital e a taxa de sucesso foi de 100%. Porém, Sarto enfrentará dificuldades adicionais.
Juraci Magalhães chegou desgastado à reeleição em 2000, a ponto de estar em terceiro lugar nas pesquisas, atrás de Patrícia Saboya e Inácio Arruda. Reelegeu-se. Luizianne Lins (PT) estava também desgastada no início da campanha, mas se reelegeu ainda no primeiro turno. Roberto Cláudio teve primeira metade de mandato conturbada, mas também se reelegeu, em 2016.
Eram três vertentes políticas muito distintas, três estilos pessoais e administrativos muito diferentes. O sucesso de todos eles mostra que a vantagem de quem está sentado na cadeira de governador não deve ser subestimada. Sarto, portanto, larga com força. A chance de estar no segundo turno é considerável.
Sarto tem a favor dele o histórico de ninguém ter perdido uma campanha de reeleição em Fortaleza. Mas, isso não é garantia. Pelo Brasil, e mesmo no Governo do Ceará, há exemplos de quem não conseguiu se reeleger. Até o ano passado, todos os presidentes brasileiros, desde que existe reeleição, conseguiram o segundo mandato consecutivo, mas veio Jair Bolsonaro (PL). Sarto tem um obstáculo diferente dos demais. Ele provavelmente terá a maior aliança política como adversária.
Ao se reelegerem, Luizianne e Roberto Cláudio tinham o apoio do Governo do Estado. A petista tinha ainda o apoio do Governo Federal.
A situação mais parecida com a de Sarto é a de Juraci Magalhães. Ele concorria contra uma candidata, Patrícia Saboya, que tinha apoio do Governo do Estado e do Governo Federal. E tinha o maior tempo no horário eleitoral. Porém, Juraci foi reeleito e Patrícia terminou na quarta colocação.
Não é à toa que Sarto tem feito paralelos com o ex-prefeito Juraci. Aposta também no estilo tocador de obras e na base forte de vereadores.
Porém, a base de Juraci na Câmara era mais forte. E a aliança também era mais ampla do que o atual prefeito reúne até agora. Juraci ficava atrás de Patrícia e tinha alguns segundos por dia a menos que Moroni Torgan. Sarto tem hoje pouco apoio partidário, a bancada do PDT não é grande. O prefeito periga ter menos tempo e recursos que a candidatura do PT, a do PL e ainda de Capitão Wagner (União Brasil).
Cuidado com o que políticos dizem ser possível ou impossível. Dez anos atrás, passe livre nos ônibus era utopia e viável era o aquário na Praia de Iracema.
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