Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Evandro Leitão colocou-se como pré-candidato a prefeito de Fortaleza e surpreendeu absolutamente ninguém. Ele dá passos calculados dentro de uma estratégia pouco discreta. O grupo governista dá sinais bastante evidentes de que quer fazer dele o candidato a prefeito de Fortaleza. Não é tão simples, pois há quatro outros pré-candidatos. Ele teoricamente chega no fim da fila. Bem teoricamente. Na prática, tem o mais significativo rol de apoiadores entre os grandes nomes do petismo. Isso ficou claro quando ele, um dia após pedir filiação do PT, posou para foto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Basta comparar, Cid Gomes, que é senador e está de saída do mesmo PDT, recebeu convite para se filiar, pediu encontro com Lula, que não aconteceu até hoje. Evandro chega com esse cacife. Mas, o PT é um partido de ritos, e Evandro os segue.
Primeiro, Evandro dizia que não queria sair do PDT e, na teoria, o prefeito José Sarto era candidato natural à reeleição. Porém, fazia a ressalva: depende da gestão. No segundo momento, explicitou desejo de se desfiliar. A seguir, escolheu o PT. Mas não se dizia pré-candidato naquele momento.
É óbvio que a decisão de ser pré-candidato não foi tomada nesse mês. Evandro não ouviu as especulações, achou ser uma boa ideia e decidiu abraçá-la. Até os guabirus da Avenida da Universidade sabem que ele se filiou para ser candidato. Tudo faz parte de um cálculo para afrontar o mínimo possível a sólida cultura partidária petista, pouco afeita a dar espaços tão relevantes a quem tem carteirinha de filiado ainda com cheiro de nova.
Quem decide no PT
O PT de Fortaleza tem um exemplo paradigmático de decisão polêmica sobre candidatura. Foi há 20 anos, quando Luizianne Lins foi eleita prefeita, em 2004. Na época, a intenção da cúpula, inclusive nacional, era apoiar Inácio Arruda (PCdoB), que aparecia bem na frente nas pesquisas. Era ainda forma de contemplar um aliado fiel nacionalmente. Em votação apertadíssima, Luizianne venceu.
Na semana passada, a ex-prefeita esteve no O POVO. Após entrevista à rádio O POVO CBN, ela conversou com o colega Carlos Holanda e comigo, e contou uma história sobre aquele episódio que eu, então um jovem repórter, não sabia.
O PT tinha mecanismos para impedir Luizianne de ser candidata. A questão podia ser levada para âmbito nacional. Com o argumento de ameaça ao projeto do partido no País, poderia haver intervenção. Por que isso não ocorreu?
O presidente do PT nacional, na época, era José Genoino. Ele divergia da candidatura de Luizianne. Disse a ela que não teria nada do partido. Tudo que viesse seria para Inácio. Inclusive showmício, ainda permitido na época, foi realizado por Zezé de Camargo e Luciano para a campanha do PCdoB, pago pelo PT. Apesar disso, Genoino decidiu não fazer intervenção. Perguntou se Luizianne tinha consciência do que estava fazendo. E assim foi feito.
Sobre se agora pode ser diferente, Luizianne confia no que disse o governador Elmano de Freitas, inclusive em declaração ao O POVO, de que é contra acordo de cúpula, sem participação das bases. “A maior autoridade hoje do PT do Ceará é o Elmano. O Ceará não tem três governadores, o Ceará tem um”, disse a ex-prefeita.
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