Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Fumaça de incêndio atinge muitos bairros da cidade não apenas por ser de grandes dimensões, mas pela capilaridade do próprio Cocó, que se espalha por vários bairros, num sistema hidrográfico e ambiental
Fortaleza tem, em vários bairros, cheiro de fumaça por volta da hora do almoço desta quinta-feira, 18. O odor se espalha a partir de mais um incêndio que atinge o Parque do Cocó. Surpreende, incomoda e preocupa. O fortalezense não costuma pensar muito no Cocó, salvo quando passa pelas imediações. Alguns têm a vista privilegiada. Para uns tantos, é opção de lazer. Mas, nesta quinta, o Cocó entra pelas narinas e causa transtorno.
Para a fumaça se espalhar e chegar tão longe, o incêndio precisa ser de fato muito grande. O maior na região em alguns anos. Mesmo assim, não se espalharia tanto não fosse a característica do Cocó para a Região Metropolitana de Fortaleza.
O Cocó não está só em Fortaleza. O rio nasce na Serra de Aratanha, em Pacatuba, e se espalha por oito municípios. Passa por Pacatuba, Maracanaú, Itaitinga, Fortaleza, Guaiúba, Maranguape, Aquiraz e Eusébio. A área da bacia hidrográfica é de aproximadamente 485 quilômetros quadrados. É bem maior que Fortaleza.
Está relacionada a um sistema chamado de mosaico de unidades de conservação que inclui não só o Parque do Cocó, mas a área de proteção ambiental (APA) da Serra de Aratanha, APA da Sabiaguaba, Parque das Dunas da Sabiaguaba, APA do Rio Pacoti, área de relevante interesse ecológico (Arie) do Sítio Curió, Arie do Cambeba e Arie das Dunas do Cocó.
Chega a áreas em que nem se imagina ser Cocó, a partir de um sistema de afluentes que se espalha por Fortaleza quase toda. São 29 afluentes na margem esquerda, 16 na margem direita, 15 açudes e 36 lagoas.
(Foto: Acervo O POVO)Bacia hidrográfica do Cocó em Fortaleza
Fazem parte a Lagoa do Porangabuçu, o canal do Jardim América, a Lagoa do Opaia, Lagoa da Maraponga, Lagoa do Gengibre, Lagoa do Colosso, Lagoa de Messejana, Lagoa da Precabura, para ficar em alguns exemplos.
É um sistema hidrográfico integrado. Águas abrem caminho para ventos, que se espalham. Fala-se muito, e com razão, da preocupação com a verticalização de Meireles e Aldeota, do paredão de prédios da Beira Mar. Sem diminuir a gravidade do problema, mais nociva ainda é a verticalização da região do Cocó e da Praia do Futuro.
A direção predominante dos ventos alísios que regula a temperatura de Fortaleza e atenua o calor é a partir do leste-sudeste. Essa circulação é afetada principalmente pela recente barreira de prédios ao longo da avenida Washington Soares e imediações, além da Praia do Futuro.
Fortaleza respira nesta quinta, com dificuldade, a fumaça que vem do Cocó, mas mal se dá conta do vento que também corre de lá, todos os dias, e torna os dias na Capital mais aprazíveis e menos abafados.
Pense nisso no próximo empreendimento imobiliário ou obra de infraestrutura que comprometer mais um pedacinho do principal respiro verde no espaço urbano de Fortaleza.
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