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Golpismo destrambelhado, desavergonhado e desmiolado
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Golpismo destrambelhado, desavergonhado e desmiolado

Enredo tem jeito de anedota, mas é gravíssimo
Tipo Opinião
 Bolsonaro, então presidente, com comandantes e ministros das Forças Armadas (Foto: EVARISTO SA / AFP)
Foto: EVARISTO SA / AFP  Bolsonaro, então presidente, com comandantes e ministros das Forças Armadas

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O conjunto de revelações tornadas públicas nesta quinta-feira, 8, sobre um golpe de Estado é estarrecedor. A esta altura do processo histórico, um presidente da República eleito — miseravelmente, mas eleito — teve o descaramento de se envolver até o etmoide com uma maquinação para violentar a democracia. A conversa de respeitar as "quatro linhas da Constituição" era um disfarce xexelento.  Gente graúda do Exército, com sobrenomes a zelar, depois dos traumas vivenciados, meterem-se numa aldrabice desse tamanho. Ainda queriam convencer todo mundo de que o 8 de janeiro não era golpista, era uma manifestação legítima que saiu do controle ou, pior, foi vítima de infiltrados.

A tramoia parece anedota: um padre, alguns generais e Jair Bolsonaro (PL) se juntam para dar um golpe. O jeito de piada não elimina a gravidade dos acontecimentos.

Avacalharam o Exército

A que situação o Exército brasileiro se viu submetido. Bolsonaro conseguiu desmoralizar a instituição, com inequívoca colaboração de expoentes do alto comando.

Bolsonarismo é criminalizado ou criminoso mesmo?

Está em curso há algumas semanas uma ofensiva em várias frentes contra alguns dos mais destacados opositores do governo Lula. Conservadores falam em perseguição. É uma situação que exige cuidados, de fato. A política, mundo afora, está repleta de exemplos de uso do Estado para perseguir adversários. É um perigo. Estará o bolsonarismo sendo criminalizado e perseguido? Ou estará sendo investigado e punido por práticas que são criminosas mesmo?

O senador cearense Luis Eduardo Girão (Novo) demonstrava indignação. “Tivemos o foco em militares e também no partido da oposição, o maior partido da oposição. Chegamos acho que no ápice”.

Ora, ora. Foram apontadas evidências bastante sólidas de um amplo plano de golpe urdido nos altos escalões do Governo e das Forças Armadas. Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) teve os passos seguidos. Pode isso? É legal? Polícia e Justiça não devem fazer nada?

Na sede do “maior partido da oposição”, na sala de Bolsonaro, acharam o que parece ser um discurso durante o qual seriam decretados estado de sítio e garantia da lei e da ordem, passos para o golpe. Com o presidente do tal partido, o senhor Valdemar da Costa Neto, foi achada arma de fogo em situação irregular e pepita de ouro, aparentemente oriunda de garimpo. Ou seja, todo enrolado. Não é para as autoridades fazerem nada?

O senador Girão ainda disse: “Estamos vivendo em uma ditadura nesse País porque o Senado Federal é corresponsável por esse caos institucional”. Ora, o plano revelado pela operação da Polícia Federal previa, no primeiro momento, a prisão do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Não vi indignação do senador sobre isso, defesa da instituição.

O também senador e ex-vice-presidente, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), criticou a operação ao dizer que “nem Hitler ousou isso no começo de sua ascensão ao poder”. Vale lembrar, na ascensão do nazismo, puseram fogo no parlamento e culparam os comunistas.

Os senadores citados e outros tantos membros da oposição reagem como se houvesse uma grande injustiça. Todos deverão ter direito a defesa, mas não estão isentos de responder por atos sobre os quais as investigações parecem absolutamente justificadas. Os opositores parecem querer álibi para cometer crimes seguidos contra a democracia e querem convencer os apoiadores de que eles são as vítimas. Em outras circunstâncias, eles próprios chamavam esse tipo de postura de “mimimi”.

Foto do Érico Firmo

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