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Década de estagnação na economia do Ceará
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Década de estagnação na economia do Ceará

No intervalo de dez anos, a economia estadual, tal qual a nacional, praticamente não saiu do lugar
Prédio da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz) (Foto: Divulgação/Secretaria da Fazenda)
Foto: Divulgação/Secretaria da Fazenda Prédio da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz)

Os últimos dez anos foram complicados na economia e na política. Difícil responder se primeiro veio o ovo ou a galinha, se a estagnação levou às crises que se sucederam nos impopulares governos de Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), ou se os equívocos na economia levaram às instabilidades políticas. Ou se uma mão lavou a outra, ou sujou a outra. No Ceará, não houve instabilidade política, ao contrário. Salvo as rupturas internas no bloco governista em 2014 e 2022, coisa normal das disputas de poder, o que houve foi a sucessão de governos, de Cid Gomes (PSB) para Camilo Santana (PT) e deste para Elmano de Freitas (PT). Em quase todo o período, com índices elevados de aprovação, folgadas maiorias parlamentares, nenhuma CPI contrária, nenhuma derrota legislativa, franca hegemonia no número de prefeitos aliados.

Mesmo assim, a economia local não se desloca do cenário nacional. A tendência foi a mesma, melhor pouca coisa. Recentemente, chamou-me atenção para os dados o professor Marcos Holanda. De 2014 a 2023, houve mais quedas expressivas do que crescimentos significativos. Somando-se alguns anos de tímidas evoluções, tem-se na década uma média de 0,7% de crescimento do PIB ao ano. “Década perdida?”, indagou Holanda. Foi pouca coisa mais que o crescimento médio anual do Brasil, de 0,54%. A década de 1980 foi chamada de “perdida”. De 1981 a 1990, a evolução média do PIB foi de 1,6%. Nos últimos dez anos, o Ceará não teve a metade disso. No País, foi um terço.

Não foi uma década tranquila. Houve a Lava Jato, o impeachment de Dilma, o governo Temer e o escândalo da JBS, o governo Bolsonaro e a produção diária de confusão e polêmicas bestas e, claro, a pandemia. É até de se admirar que a média seja positiva, ainda que por pouco.

Mesmo assim, após dez anos, o PIB do País e do Estado praticamente não saíram do lugar. Isso significa tendência a mais desemprego, menos renda, menos capacidade de consumo.

É difícil desatrelar o ritmo cearense do desempenho nacional. A participação do Estado no PIB nacional é praticamente a metade da proporção que tem na população. Para vir a ter, no longo prazo, fatia equivalente na economia brasileira, o Ceará precisa crescer bem acima da média do País. Mesmo assim, é improvável subir quando o PIB nacional está em declínio. Ainda mais com o tamanho e as características da economia cearense.

Ter estabilidade na política é importante para a economia e o inverso é ainda mais verdadeiro. Não basta isso, claro, é preciso tomar as decisões corretas, corrigir fragilidades e construir condições para explorar as melhores potencialidades. Os dez anos pela frente precisam ser muito, muito melhores. Não é difícil.

As vagas no Senado, no Palácio e nas urnas

As eleições no Ceará podem criar uma lacuna para o governador Elmano de Freitas (PT) resolver. Waldemir Catanho (PT) saiu da Secretaria da Articulação Política para preparar a candidatura a prefeito de Caucaia. Para o lugar dele foi Augusta Brito (PT), que é a primeira suplente de Camilo Santana (PT) no Senado e exercia o mandato em função de o titular estar no Ministério da Educação. Com a entrada de Augusta no governo, tomou posse no Senado a segunda suplente, Janaína Farias (PT), pré-candidata a prefeita de Crateús. Se Catanho for eleito em Caucaia e Janaína em Crateús, Elmano terá de arranjar alguém para a secretaria, pois Augusta precisará retornar ao mandato. Isso ou Camilo retornar do MEC para o mandato.

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