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Mauro ligou para Ciro, e Elmano, para dizer que assumiria como vice-líder de Lula
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Mauro ligou para Ciro, e Elmano, para dizer que assumiria como vice-líder de Lula

Por muito tempo, críticas de ambientalistas eram tratadas como "chatice" de quem só quer atrapalhar, aparecer. Coisa de desocupado, de radicais. Hoje, é a pauta do planeta, que se impõe tragicamente ao Brasil e tem seus efeitos no Ceará
Tipo Opinião
MAURO Filho assume vice-liderança de Lula na Câmara (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal MAURO Filho assume vice-liderança de Lula na Câmara

O deputado federal Mauro Filho (PDT) foi confirmado como vice-líder do governo Lula (PT), voltado para questão econômica. Ao ser designado, ele ligou para o ex-governador Ciro Gomes (PDT), de quem é aliado há mais de 30 anos.

Ciro é um dos críticos mais ferrenhos de Lula, mas, conforme Mauro, deu apoio ao amigo. Disse para Mauro ir e falou que é o governo quem ganha. Pediu também para que "bote juízo" na equipe de Lula. Mas, disse para não abrir mão da defesa de que seja considerada a despesa financeira — que inclui o endividamento —, e não a primária.

Mauro falou também com o governador Elmano de Freitas (PT), que fez deferência também elogiosa à escolha. Mauro destaca o papel do líder, José Guimarães (PT), na indicação.

Governar é mediar conflitos e interesses

Política consiste basicamente no conflito entre interesses e visões de mundo. O governante não é apenas um administrador, como de uma empresa, mas um mediador entre as diferentes forças que existem em uma sociedade. É eleito como representante de uma das correntes. Mas, uma vez empossado, deve satisfação a todos. Não pode simplesmente impor a própria visão goela abaixo. Governantes que tentam fazer isso conseguem, por vezes, promover mudanças mais rápidas. Mas pagam o preço cedo ou tarde. E muitas vezes as mudanças não se sustentam, por não estarem alicerçadas na compreensão, entre a sociedade e no próprio meio político, de que as medidas são necessárias. Ações realizadas com base apenas no poder e na vontade do governante tendem a não se manter em pé no momento em que esse poder troca de mãos. Refiro-me ao terreno do Fortal, do qual tratei também ontem.

Por muito tempo, críticas de ambientalistas eram tratadas como “chatice” de quem só quer atrapalhar, aparecer. Coisa de desocupado, de radicais. Hoje, é a pauta do planeta, que se impõe tragicamente ao Brasil. No Ceará, passava-se por cima das críticas e se fazia de qualquer jeito. Com patrimônio histórico é assim também. Que a mudança do Fortal seja um marco. Não era ação governamental, mas dependia do poder público. Em outros tempos, o evento iria ocorrer. Eventualmente, os órgãos governamentais poderiam vetar simplesmente. O Governo do Estado, pela via da mediação, deu um bom encaminhamento, por enquanto.

O tratamento da questão habitacional é também exemplo. Trata-se de direito dos mais elementares — dele dependem muitos outros. E não está condicionado à propriedade. Moradia é direito de todos, seja dono ou locatário de casa ou não. Quem não tem onde morar ou fica em situação de rua, uma precariedade extrema, ou constrói a habitação que consegue no lugar que consegue. As ocupações se espalham pela cidade. De forma também precária, que demanda soluções. Muitas vezes há interesse político envolvidos, ainda mais perto de eleição. Não é raro que ocupem áreas verdes. Por muito tempo, como a questão da moradia era tratada? Colocava-se a polícia para expulsar as pessoas e fim de conversa. Movimentos sociais e políticos atuaram para transformar a situação. Um marco foi, no fim da década de 1970, a favela da José Bastos. Dali em diante, cresceu a pressão para se dar alguma solução às pessoas, que precisam estar acima de terrenos sem uso e títulos de propriedades.

Não que seja fácil governar com base na truculência, na força da caneta. Ao contrário, cria dificuldades. Mas, é o caminho de quem não tem habilidade nem capacidade de diálogo. Ou apenas sinal de arrogância.

O privado e o interesse público

Um dos argumento de quem defendeu a realização do Fortal em área verde próxima ao aeroporto se referia ao fato de ser terreno privado. Trata-se de equívoco recorrente. Muita gente defende como dogma absoluto o direito à propriedade sem saber exatamente do que se trata. Não é por ter dono que se pode fazer o que quiser. No caso de áreas de valor ambiental, ou histórico, a legislação impõe restrições. O proprietário de um terreno não pode cortar árvores a bel-prazer, sem dar satisfação a ninguém. Precisa de autorização da prefeitura.

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