Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
A pesquisa Datafolha divulgada pelo O POVO há duas semanas e os demais levantamentos dos institutos de maior relevância apontam todos para cenário parecido e que pouco tem se alterado nos últimos meses. O panorama traz Capitão Wagner (União Brasil) na frente, José Sarto (PDT) a seguir, com André Fernandes (PL) e Evandro Leitão (PT) mais atrás. O fato de essa situação não vir sofrendo mudanças significativas causa frustração de quem vem atrás e reforça a confiança de quem está na dianteira.
A resiliência, até agora, de Capitão Wagner é decepcionante para quem espera o “derretimento” dele. Já escrevi em outra oportunidade: ele nunca ficou abaixo de 30%. As pessoas repetem que Wagner “começa na frente e sempre cai”. Caiu mesmo em 2020 e 2022, mas nunca despencou de forma a ter desempenho pífio. Nunca menos de 30%. Com o que dificilmente ele não irá ao segundo turno.
Sarto tem tido certa estabilidade. Isso preocupa aliados e gera otimismo nos adversários. Destacam que, com a maratona de inaugurações e a propaganda oficial, era de se esperar que o prefeito subisse. Mas, isso não tem ocorrido. O que seria sinal de ausência de viabilidade.
A candidatura de André Fernandes também expõe decepção por não crescer mais e seguir em desvantagem considerável em relação a Wagner.
Do lado de Evandro, há confiança em que o crescimento virá, mas certa apreensão pela demora.
Ocorre que tudo isso é normal e significa pouca coisa. A história mostra que há poucas oscilações significativas antes de a campanha começar. A não ser que haja um acontecimento muito extraordinário. A essa altura, a maior parte das pessoas simplesmente não está prestando atenção em política. Improvável, por isso, mudança de impacto.
O momento das mudanças
Wagner não caiu até agora. Não significa que seguirá assim. Pela primeira vez a direita está dividida e o cenário talvez seja, nesse sentido, mais adverso do que nunca para ele. Só não dá para usar o argumento de que “sempre acontece isso” com Wagner.
Sarto tem tido exposição, mas o fato de não ter crescido não significa que ficará assim. Em 2000 e 2008, Juraci Magalhães e Luizianne Lins, respectivamente, eram candidatos à reeleição que entraram desgastados e saíram vitoriosos. Todos os prefeitos-candidatos em Fortaleza até hoje saíram. A imagem da gestão melhorou com a campanha e a divulgação das ações. Pode ser problema para o Sarto o fato de estar em desvantagem no tempo de rádio e televisão.
André Fernandes foi o deslocamento de votos mais significativo da pré-campanha. Apesar da expectativa de que tivesse mais, o resultado é expressivo para uma largada. O bolsonarismo, na média, consome muito mais política e recebe muito mais estímulo sobre quem é candidato, por exemplo. Hoje é a faixa mais politizada do eleitorado, basta ver o engajamento nas redes.
O desempenho de Evandro também me surpreende. Achava que estaria com menos a essa altura. Claro, tem o peso de PT, Lula, Camilo Santana, Elmano de Freitas… Porém, até essa associação ser feita na campanha, a transferência é pouca. Em 2012, Elmano e Roberto Cláudio tinham cabos eleitorais de muito peso e começaram a campanha, somados, com menos do que Evandro tem agora.
A pré-campanha fala ao pequeno, mas influente, segmento que acompanha política. Fala aos próprios políticos, afeta as alianças e mexe com financiamento. Posiciona os pré-candidatos. Mas, a briga por voto, mesmo, só começa daqui a mais de um mês.
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