Ingratidão, trairagem e "Ceará destruído": tons da convenção de Sarto
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: FERNANDA BARROS
SARTO e Roberto Cláudio na convenção do PDT
Convenções são momentos muito interessantes do processo eleitoral. Como são destinadas ao público interno, engajado, quem já é filiado e apoiador, os discursos acabam tendo teor mais politizado que aquilo que é produzido na campanha, para o público em geral e para atrair eleitores. São eventos festivos. No caso de Sarto, teve tom emocional. Claro que se falou muito das realizações da Prefeitura. Afora isso, as reclamações de “trairagem” e “ingratidão” estiveram muito fortes nos discursos. Outra coisa que se repetiu: “O Ceará está sendo destruído”.
Roberto Cláudio (PDT) foi o primeiro a falar e tocou em ambos os pontos. “É uma turma que tá arrogante, que tá soberba, e tem marcado sua trajetória pela trairagem”, afirmou, completando: “Olha o Ceará. Tantos anos de cuidado, de zelo, de suor. Poucos anos de despreparo, insensibilidade e arrogância tão tratando de destruir aquilo que levou tanto tempo para ser construído”.
Ciro Gomes (PDT) foi na mesma linha, ao lembrar que Lula prometeu um Ceará mais forte com Elmano de Freitas (PT). “Sabe o que é que está acontecendo, queridos? O Ceará está sendo destruído”.
Já André Figueiredo (PDT) falou em ingratidão. “Todo mundo que hoje se acha dono do Ceará deve o capital político dele ao maior líder que o PDT tem no Brasil e o maior político, com “P” maiúsculo, que é Ciro Ferreira Gomes. São herdeiros do Tasso (Jereissati) e do Ciro. Mas a ingratidão, infelizmente, leva a tomarem outros caminhos”.
As feridas de 2022 não cicatrizaram e estarão expostas na campanha. Até porque Evandro Leitão (PT) teve papel preponderante. O cenário de 2024 foi criado por 2022.
Confirmação
A convenção que oficializou Sarto encerra as especulações que de o prefeito não concorreria e o candidato seria Roberto Cláudio. Era uma hipótese ecoada por vários dos principais líderes do governismo cearense, numa sintonia que soava até ensaiada. Não sei o quanto havia de crença — afirmavam ser necessidade para a sobrevivência do grupo, lançar o nome hoje mais forte, conforme entendem — e o quanto isso era usado para desgastar o prefeito. Na base do prefeito, ninguém considerava essa ideia. Até porque seria difícil justificar.
(Em 2002, Olívio Dutra, do PT, governava o Rio Grande do Sul, mas perdeu disputa interna. Tarso Genro foi o candidato do partido e teve de passar a campanha explicando como defendia a candidatura governista se o partido não deixou quem era governador concorrer. Perdeu.)
Élcio na vice
Élcio Batista (PSDB), que disputará mais uma eleição como vice, teve papel político importante para Sarto. Como bem lembrou a colega Júlia Duarte no podcast Jogo Político desta segunda-feira, enquanto Sarto mantinha a fleuma nos embates com o governo Elmano de Freitas (PT), foi Élcio quem partiu para o enfrentamento.
Vereadores
A bancada na Câmara Municipal montada na janela partidária foi determinante para o PSD superar o PSB e indicar a vice de Evandro Leitão, que ficará com Gabriella Aguiar. A base de vereadores é a maior vantagem de Sarto na disputa. O PDT tem a maior bancada com folga. O PSD é a segunda maior.
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