Logo O POVO+
E se as pesquisas errarem?
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

E se as pesquisas errarem?

As pesquisas eleitorais vivem momento delicado com erros constrangedores. Ao mesmo tempo, o mercado das pesquisas nunca teve tantos institutos. Há mais pesquisas que em qualquer outro momento
Tipo Opinião
FORTALEZA, cidade desigual e complexa que decide o futuro nas urnas (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE FORTALEZA, cidade desigual e complexa que decide o futuro nas urnas

Seis pesquisas de intenção de votos estão previstas para este sábado, 5, em Fortaleza. Há lados bons e ruins. Há espalhados pelo Brasil institutos de maiores ou menores reputação, histórico, confiabilidade, capacidade técnica e parâmetros éticos. Mas, o fato de serem tantas reduz o impacto individual de uma pesquisa. E o efeito do erro que tenha um instituto ou outro. Se houver coisas muito díspares, eleitores podem ficar confusos. O que não é necessariamente ruim, pois explicita que as pesquisas não são a expressão exata do que sairá das urnas. São passíveis de erro. Por outro lado, eleitores podem muitas vezes escolher a pesquisa que mais agrada — mesmo que não coincida com a realidade, pode trazer satisfação de momento.

As pesquisas eleitorais vivem momento delicado, com muitos erros que as colocam em questão. Dinâmicas sociais e políticas estão em transformação e as formas de aferir opiniões nem sempre acompanham as mudanças. Ao mesmo tempo, o mercado das pesquisas nunca teve tantos institutos. Há mais pesquisas que em qualquer outro momento.

A influência das pesquisas é um problema, inclusive pela capacidade de se converter em profecia autorrealizável. Se a pesquisa aponta um candidato em alta, ele pode atrair apoiadores, financiadores. Eleitores podem aderir ao que podem considerar uma candidatura promissora. Ao mesmo tempo, se uma candidatura aparece em queda, pode perder adesões. O declínio também se autorrealiza. Em regra, a capacidade de os números tornados públicos colocarem um candidato para baixo é bem maior que a de dar impulso positivo.

Apesar disso, pesquisas oferecem informação relevante para o eleitor no momento de decidir o voto. O problema não é a pesquisa. É achar que elas antecipam a eleição, resolvem a situação antes da hora. Não ter em mente que o erro é uma possibilidade estatística. E a eleição só está definida com o voto na urna.

Os debates possíveis

A campanha eleitoral no primeiro turno está acabando. Você, leitor de Fortaleza, conseguiu enxergar a cidade em que mora, os problemas do cotidiano, no discurso dos candidatos, nas propagandas e nos debates? Para além da superficialidade rasa de quem acha tudo errado e promete dar jeito num estalar de dedos, ou de quem acha que está tudo certo e não há outro jeito de fazer as coisas. A Capital tem questões complexas a enfrentar, que exigem debate, aprofundamento e soluções de longo prazo. Não é sincero quem fala que dará jeito rápido nos problemas, muito menos quem considera que tudo está no rumo certo.

Nas Páginas Azuis desta semana, conversei com a professora Clarissa Freitas, do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal do Ceará (UFC). Ela fala sobre como Fortaleza cresceu, as forças que atuaram e os conflitos existentes no planejamento e na falta dele. Uma leitura que recomendo aos eleitores, e que gostaria que os possíveis gestores fizessem.

Destaco em particular o que Clarissa falou sobre o que considera que deveria ser prioridade no programa de um gestor. Ela apontou a questão ambiental, a preservação do que ainda resta de ecossistemas — e ainda há espaços preciosos. Para isso, ela destaca, é necessário que a cidade seja servida de infraestrutura básica, algo que ainda não existe. Resguardar o meio ambiente numa cidade não é apenas criar áreas de proteção. É necessário ter redes de esgoto, urbanizar assentamentos precários, propiciar moradia adequada para quem hoje vive sem dignidade.

Essa é uma política para as populações mais pobres, mas também para toda a cidade, aponta Clarissa. Para a preservação das margens dos rios, para a qualidade da água do mar, cujas condições de balneabilidade são insalubres em muitos lugares, para que moradias inadequadas não avancem sobre áreas verdes. Inclusive para a questão da segurança pública. A entrevista está disponível aqui

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?