Possibilidades e riscos no enfrentamento entre André e Evandro
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Possibilidades e riscos no enfrentamento entre André e Evandro
O cálculo de petistas que queriam segundo turno contra André talvez não projetassem que ele teria votação tão expressiva no 1º turno
Foto: FCO FONTENELE
EVANDRO Leitão é o PT em embate contra Bolsonaro
Na campanha eleitoral, Evandro Leitão (PT) foi acusado de “escolher” André Fernandes (PL) como adversário no segundo turno. Capitão Wagner (União Brasil) repetia isso nos debates. Afirmava que haveria um arsenal contra o candidato do PL, que seria fácil de ser batido. A tese era referendada por expoentes do PT, que diziam publicamenteacreditar nesse cenário. Até torcer por ele.
Não é caso isolado. Em 2018 e 2022, adversários falavam que PT e Jair Bolsonaro (PL) preferiam mutuamente enfrentar um ao outro no segundo turno, pois serem contra quem teriam chances. São, de longe, as maiores forças políticas do Brasil. E, também, as de maior rejeição. Os bolsonaristas, para serem maioria, precisavam do antipetismo. E o PT, do antibolsonarismo. Em um segundo turno contra um candidato de menor rejeição, teriam vida dura. Na eleição deste ano em São Paulo, Guilherme Boulos (Psol) era acusado de preferir Pablo Marçal (PRTB) no segundo turno, também por uma eventual maior dificuldade contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Em sabatina no podcast Jogo Político, o candidato do PT em Caucaia, Waldemir Catanho, foi perguntado sobre essa mesma questão, se preferia pegar um bolsonarista no segundo turno — no caso, lá era Coronel Aginaldo (PL), que ficou na quarta colocação. Ele demonstrou que essa hipótese o preocupava. “Vai que o cara ganha”, afirmou. Catanho foi para o segundo turno por oito votos de vantagem sobre a terceira colocada, Emília Pessoa (PSDB). O primeiro colocado foi Naumi Amorim (PSD).
A preocupação de Catanho se explica pelo fato de PT e bolsonarismo serem o extremo oposto um do outro. São arqui-inimigos entre si. Ao mesmo tempo, pelas mútuas rejeições, a polarização acaba sendo interessante mutuamente, até certo ponto. Pois aumenta as chances de vitória. Porém, quando a derrota acontece, o eleito acaba sendo o principal adversário. São cálculos da política.
Em Fortaleza, o cálculo de petistas que queriam segundo turno contra André talvez não projetasse que ele teria votação tão expressiva no 1º turno. Todas as pesquisas na véspera apontavam André e Evandro no segundo turno, mas os dois tiveram mais votos do que o estimado. O candidato do PL chegou a 40%.
O prefeito voltou
Critiquei ontem a falta de manifestação do prefeito José Sarto (PDT), o que ocorreu nesta terça-feira, 8. Demorou, mas veio. Seria melhor de maneira menos fria que por uma nota nas redes sociais. Mas, tudo bem se ele prefere esse canal.
Por um dia e meio após o resultado, não se soube do prefeito. Ele foi eleito para quatro anos, do qual restam três meses. Vencer eleição é bom, mas é também uma grande responsabilidade. E a de Sarto ainda não acabou. Há trabalho a fazer.
Muito positivo que, após a primeira manifestação, ele já tenha anunciado reunião de secretariado para quinta-feira, 9, para dar continuidade às ações e finalizar o mandato. Para um gestor cuja reeleição foi minada pela desaprovação, o melhor caminho para o futuro na política é terminar este mandato com dignidade e altivez. Quando não reelegeu o sucessor, após um equilibradíssimo segundo turno, em 2012, a ex-prefeita Luizianne Lins (PT) mergulhou de forma que foi ruim para ela e para a cidade. Aquele foi o último encerramento de ciclo que Fortaleza teve. Vamos acompanhar como Sarto encerrará mais um.
Política se constrói de vitórias e derrotas, e o momento em que se perde é o início da construção de uma possível vitória futura. O bom da democracia é que sempre vem outra eleição.
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