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Bolsonaro indiciado, inelegível, golpista e na liderança na pesquisa
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Bolsonaro indiciado, inelegível, golpista e na liderança na pesquisa

Está mais fácil Bolsonaro ser preso do que ssairr candidato, mas pesquisa mostra que plano de golpe, por enquanto, afetou pouco a popularidade. Não é difícil entender por quê
Tipo Opinião
O ex-presidente Jair Bolsonaro, mais perto de ser preso do que de sair candidato (Foto: Sergio Lima / AFP)
Foto: Sergio Lima / AFP O ex-presidente Jair Bolsonaro, mais perto de ser preso do que de sair candidato

Simultaneamente às revelações dos detalhes escabrosos do que, aponta a Polícia Federal, foi um detalhado e minuncioso plano de golpe, o instituto Paraná fez pesquisa de intenções de voto para a eleição presidencial de 2026. E não é que Jair Bolsonaro (PL), em uma simulação de segundo turno contra o presidente Lula (PT), teria 43,7% das intenções de voto, contra 41,9% do petista, num cenário de empate técnico, se a eleição fosse hoje e se Bolsonaro estivesse elegível. Mas, a eleição não é hoje e o ex-presidente está inelegível.

No Brasil, em questões de política e de Justiça, é bom se estar preparado para qualquer coisa. Porém, hoje, ao que tudo indica, a perspectiva está muito mais para Bolsonaro se ver num enrosco ainda maior do que para reverter a situação. Está mais fácil ser preso do que sair candidato.

Mais do que projetar um cenário plausível, a relevância maior da pesquisa é mostrar que o eleitor bolsonarista não liga para as evidências de atentado à democracia por parte do ídolo político.

O bolsonarista médio escuta as notícias e diz: “Tudo mentira dessa mídia esquerdista” e coisas assim, bem maduras. Mas, a verdade é que não se importariam se Bolsonaro desse um golpe. Aliás, muitos queriam que ele fizesse exatamente isso. Tal qual os militares cujos áudios foram encontrados, ficavam irritados quando o ex-presidente dizia que iria cumprir a Constituição — parabéns, não é mais que a obrigação.

O fato é que Bolsonaro está numa enrascada. O direito à ampla defesa é um dos pilares da democracia. Há de se aguardar o processo legal, mas os elementos de que houve um intrincado plano de golpe são bastante numerosos. Há áudios e mensagens de bastante gente próxima ao ex-presidente afirmando que ele sabia, concordava e estava diretamente envolvido com o comando das ações. Eram mensagens reservadas, sem motivo conhecido para inventar o que disseram.

Desvario estapafúrdio

A trama golpista não tinha chance de dar certo, escrevo isso desde 2022. O golpe mais recente, em 1964, atendia a pré-condições inexistentes para Bolsonaro. Não se dá um golpe só com militares, isso é que a visão estreita de um ex-presidente cercado do oficialato e com desprezo pela história não conseguiu entender. Como poderia enxergar além do círculo que formou em torno de si? Quando tinha problema na saúde, colocava general. Na educação? General. Casa Civil? General. Essa é a formação e a única referência que Bolsonaro conhece. Não se governa um País assim, nem ao menos se dá um golpe.

A deposição de João Goulart teve apoio da Igreja, da imprensa, do empresariado, de amplos setores da classe média, do Congresso Nacional, contou com a omissão do Supremo Tribunal Federal (STF). Não era a realidade de 2022. O Brasil e o mundo eram menos complexos. Uma coisa era censurar jornais impressos, outra é lidar com um mundo de redes sociais e Whatsapp.

Talvez a parte mais estapafúrdia do plano fosse tentar fazer alguém acreditar de que tudo que estava sendo feito era democrático e dentro da lei. Em 1964, também se tentou dar um ar de legalidade e tampouco funcionou. Naquela ocasião, igualmente se usou o medo do comunismo para se implantar uma ditadura. Do mesmo jeito que foi em 1937. (O Brasil teve duas ditaduras por medo do comunismo e zero ditadura comunista.)

Assim como em 1964, a quase tentativa de golpe de 2022 prometia eleições. Muita gente embarcou, 60 anos atrás, acreditando nisso. O regime dos generais passou a ter muitos opositores que até apoiavam a derrubada do governo, mas acreditavam no espírito democrático dos golpistas e achavam que haveria eleição no ano seguinte, tolinhos. Da última vez em que o Brasil entrou nessa, só houve eleição direta para presidente após um quarto de século.

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