Logo O POVO+
A 1ª tentativa de golpe em 2022
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

A 1ª tentativa de golpe em 2022

Três ex-diretores e um ex-coordenador da PRF e um ex-coordenador da ANTT foram indiciados pela tentativa de golpe antes da tentativa de golpe
Tipo Opinião
FISCALIZAÇÕES da Polícia Rodoviária Federal (PRF) teriam sido planejadas eleitoralmente (Foto: Polícia Rodoviária Federal/Bahia)
Foto: Polícia Rodoviária Federal/Bahia FISCALIZAÇÕES da Polícia Rodoviária Federal (PRF) teriam sido planejadas eleitoralmente

Inquérito da Polícia Federal investigou o plano de um golpe de Estado no Brasil para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A trama era horrorosa e incluía intenção de matar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As evidências encontradas são fartas e robustas. Tanto que muita gente passou a nem mais negar o plano, mas afirmou não ter envolvimento. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi impedido de ir à posse de Donald Trump justamente por causa dessa investigação, na qual foi indiciado.

Antes da tentativa de golpe, houve outra tentativa de golpe. Três ex-diretores e um ex-coordenador da Polícia Rodoviária Federal (PRF) foram indiciados pela Polícia Federal, assim como um ex-coordenador da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Já estavam indiciados o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.

A investigação trata das blitze realizadas, particularmente do Nordeste, na tentativa de impedir o deslocamento de ônibus com eleitores no dia do segundo turno da eleição de 2022. As fiscalizações eram realizadas em áreas onde se projetava maioria de eleitores para Lula.

O que ocorreu naquele dia é estarrecedor, tão escancarado que se evidenciou ainda durante a eleição. Os detalhes posteriormente descobertos — o aumento do número de blitze, as mensagens sobre onde deveriam ocorrer, a desproporção entre fiscalizações no Nordeste e em outras regiões — evidenciaram uma das tentativas mais grosseiras de usar a máquina pública para a influenciar o resultado de uma eleição vistas na história recente.

Antes da tentativa de golpe pós-eleitoral, houve a tentativa de golpe na própria eleição.

Regra que Trump quer acabar foi criada para garantir direitos de filhos de escravizados

A posse de Donald Trump teve posicionamento para desconhecer a existência de pessoas transgênero, gesto nazista e também a pretensão de acabar com uma medida que surgiu para garantir os direitos dos filhos de ex-escravizados na época recém-libertados.

O novo presidente anunciou entre as primeiras medidas ao voltar à Presidência o fim da cidadania por direito de nascimento. A regra foi estabelecida na 14ª emenda da Constituição dos Estados Unidos. Conforme o texto, qualquer pessoa que nasceu nos Estados Unidos é cidadão dos Estados Unidos. Trata-se de uma das mais importantes iniciativas que se seguiram à abolição da escravização de seres humanos.

A 14ª emenda data de 1868. Seguiu-se à 13ª emenda, que aboliu a escravização em 1865. O objetivo era assegurar a inclusão e a cidadania dos filhos de ex-escravizados. Decisões judiciais anteriores negavam a eles a cidadania. Posteriormente, a Justiça estendeu o direito a outros imigrantes. Inclusive, há muitos filhos de brasileiros que nasceram lá e têm a cidadania em função do dispositivo ao qual Trump quer por fim.

Vários estados já questionam a regra. A questão irá parar na Justiça. Parece evidente que a emenda constitucional não pode ser revogada por um ato executivo do presidente.

Trump, inclusive, disse algo — também a esse respeito — que não passa próximo à verdade. Afirmou que os Estados Unidos são o único país do mundo a reconhecer a cidadania de quem nasce no território, o chamado "jus soli". O próprio Brasil adota a regra, assim como Argentina, Canadá, México, Malásia e outros.

É norma típica, e óbvia, de países que foram colônias. Trump quer restringir a cidadania ao “sangue”, aos descendentes de quem tem a cidadania. Se essa norma valesse desde sempre, apenas indígenas seriam cidadãos americanos. O mais são imigrantes, inclusive os Trump.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?