Logo O POVO+
Donald Trump não assume responsabilidade e faz política com tragédia
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Donald Trump não assume responsabilidade e faz política com tragédia

O que Trump faz é jogar politicamente, alardear a própria ideologia e se eximir de assumir responsabilidades
Tipo Notícia
Pessoas olham para o local do acidente do avião da American Airlines no rio Potomac enquanto se aproximava do Aeroporto Nacional Reagan em 30 de janeiro de 2025 em Arlington, Virgínia (Foto: Andrew Harnik / Getty Images via AFP)
Foto: Andrew Harnik / Getty Images via AFP Pessoas olham para o local do acidente do avião da American Airlines no rio Potomac enquanto se aproximava do Aeroporto Nacional Reagan em 30 de janeiro de 2025 em Arlington, Virgínia

Donald Trump lidera uma corrente global que tem apêndices no Brasil. Há métodos em comum. O presidente dos Estados Unidos usou para fazer política a tragédia em que o avião e o helicóptero militar abalroaram. Política baixa e vil. Anos atrás, a esquerda era acusada de agir ideologicamente. A alegação pode ser pertinente, se não deixar de levar em conta que a direita também o faz, e muito. Ideologia é componente legítimo e até necessário da política, mas incluí-la nas discussões sobre as causas de um desastre aéreo é sórdido.

O presidente dos Estados Unidos, sem qualquer fundamento conhecido, apontou as políticas de diversidade como responsáveis pela tragédia. Ele alegou que a Administração Federal de Aviação decidiu reduzir a sub-representação, entre a força de trabalho, de pessoas com deficiências graves. Assim, teriam colocados pessoas com tais deficiências para serem controladores de tráfego aéreo. Ele alegou que era necessário alto padrão para tais funções.

O presidente já concluiu, então, que a culpa foi do controle de voo. Houve perícia para apontar isso? Não, não houve. Havia algum controlador com alguma deficiência? Não há tal informação. Só o que há é irresponsabilidade, leviandade, inconsequência da pessoa mais poderosa do planeta. E ainda serve para disseminar preconceito contra pessoas com deficiência.

O presidente Donald tem uma agenda ideológica contra políticas de diversidade. Como sói acontecer a extremistas, busca encaixar a interpretação do mundo nas próprias concepções, quando o normal é o contrário.

O que se sabe de concreto é que relatório preliminar de segurança, revelado pelo New York Times, apontou que a quantidade de pessoas trabalhando no controle de voo no aeroporto de Washington era menor que o normal. O mesmo controlador — sobre quem Trump levantou suspeita e sugeriu que teria deficiência — lidava com helicópteros nas proximidades do aeroporto e instruía aviões que pousavam e decolavam. O normal é que as tarefas não fiquem com a mesma pessoa.

Ao tomar posse, em 20 de janeiro, o presidente Donald congelou a contratação de funcionários federais e emitiu ordem para a a autoridade aérea interromper contratações com base na política de diversidade, igualdade e inclusão. O Comitê da Câmara de Transporte e Infraestrutura havia denunciado, em 22 de janeiro, que Trump havia congelado a contração de controladores de voo.

Isso não permite dizer que essa foi a causa do acidente. Mas, são elementos muito mais sólidos que as irresponsáveis alegações do presidente. A postura séria é aguardar o que apontarão as investigações.
O que Trump faz é jogar politicamente, alardear a própria ideologia e, prática dele e de aliados, eximir-se de assumir responsabilidades — aquilo para que ele foi eleito. Jair Bolsonaro (PL) era muito bom nisso no Brasil. Nada era culpa ou responsabilidade dele, tudo empurrava para alguém, era culpa de outros.

O dinheiro que não vai para o Carnaval

Um dos assuntos da semana foi o gasto de dinheiro público com Carnaval. Já escrevi o que acho da pertinência ou não da despesa. Abordo hoje outro aspecto: aparece muito prefeito que, entre a necessidade e a demagogia, anuncia que irá cortar gastos com festas para aplicar em outra coisa. Pode ser saúde, combate à seca ou outra finalidade cuja prioridade ninguém discute. Há situações muito pertinentes, outras algo duvidosas. O problema, já ouvi de quem conhece a gestão pública por dentro, é como fica a prestação de contas disso. Já vi muito prefeito fazer o anúncio do redirecionamento do dinheiro, mas não lembro de ver como a verba foi usada. Será que foi mesmo para a finalidade anunciada? Costuma-se dizer que dinheiro não tem carimbo, o que torna difícil seguir o rastro. Os recursos correm sempre risco de se diluíram no bolo do orçamento municipal.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?