Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
André Fernandes é de geração diferente de Roberto Cláudio e Capitão Wagner. Não tem experiência ou gosto por negociações e concessões. Acredita mais em enfrentamentos que em composições
Foto: FERNANDA BARROS
CAPITÃO Wagner, Márcio Martins (hoje secretário de Evandro), André Fernandes e Roberto Cláudio
Na política, nada mais eficaz para impulsionar uma aliança que a busca por derrotar o inimigo em comum. Alexis de Tocqueville dizia isso no século XIX e os Estados Unidos, no século XX, deram mostras disso com Saddam Hussein e Al-Qaeda, que receberam incentivo antes de se tornarem os maiores adversários. No Ceará, a articulação da oposição não é fácil de olho em 2026. Mas, o movimento começa por onde deve mesmo: na Assembleia Legislativa, foco da atuação em relação ao Governo do Estado. É a disputa que se vislumbra para o ano que vem no Ceará.
O enfrentamento à base do governador Elmano de Freitas (PT) e aos projetos do Palácio da Abolição são o fator possível de coesão em um conjunto bastante heterogêneo. Mas, ensinava décadas atrás o ex-deputado e ex-conselheiro do extinto Tribunal de Contas dos Município (TCM), Arthur Silva Filho: “A coalizão política é mais um pacto entre adversários do que um acordo entre amigos”. Porque, afinal, a coalizão é necessária para unir os diferentes mesmo, os iguais já tendem a estar juntos.
No caso da oposição cearense, os diferentes são bem contrastantes mesmo. Capitão Wagner (União Brasil) era oposição muito mais aos Ferreira Gomes que ao PT. Por isso, em 2012, se aliou ao PT contra Roberto Cláudio (PDT). E tinha os maiores enfrentamentos contra Ciro Gomes (PDT). Hoje, o conceito de Ferreira Gomes é bem complexo. Ciro está com Roberto Cláudio, mas ainda não ouvi o que ele acha da aproximação com Wagner. Já Cid Gomes (PSB) está do lado oposto, com Elmano e Camilo Santana (PT).
Roberto Cláudio, por sua vez, contou com adesão do PT no segundo turno para se reeleger em 2016 e eleger José Sarto (PDT) em 2020. Não fosse a mobilização contra o que os Ferreira Gomes e o PT apresentavam como perigo da chegada de Wagner ao poder, era capaz de Roberto Cláudio não conseguir nem o segundo mandato. A vitória contra Wagner não foi folgada, a de Sarto foi mais apertada ainda.
Porém, Roberto Cláudio e Wagner há tempos têm relação sem hostilidade e, desde o ano passado, aproximaram-se bastante. Ambos são experientes e sabem formar alianças. Da parte deles, as coisas tendem a fluir. Ainda que o PDT, segundo o líder nacional Carlos Lupi, rejeite apoiar a direita — só aceita se for para ser apoiado. Independentemente disso, o lado em que Roberto Cláudio estará em 2026 parece bem mais decidido que o partido pelo qual concorrerá, ou o mandato que disputará.
O problema é que nem um nem outro é, hoje, o principal líder da oposição no Ceará. Esse papel cabe a André Fernandes (PL). E com ele a conversa é outra.
O fator André Fernandes
O deputado federal é de outra geração e temperamento bem diferente. Não tem experiência ou gosto por negociações e concessões. Já avisou, mostra o colega Carlos Mazza na Vertical, que o PL quer lançar candidato a governador e a duas vagas de senador. Nem falou em ceder uma das posições. Foi até bacana de, em princípio, deixar em aberto a possibilidade de composição para vice.
A aliança que André fez foi em 2024, para ser apoiado no segundo turno. Desse jeito facilita. Aliás, muito aliado dele acha que os apoios da “velha política” fizeram foi atrapalhar.
André é impetuoso. Acredita mais em enfrentamentos que em composições. Os aliados o conhecem. Gente que o apoiou reconhece o potencial eleitoral, mas acha que precisa ser contido. Ele é o grande fator de incerteza para a frente oposicionista.
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