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Ciro está certo sobre os outros, mas falta olhar para próprio quintal
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Ciro está certo sobre os outros, mas falta olhar para próprio quintal

Ciro é inegavelmente um bom crítico e costuma ser certeiro ao apontar erros e problemas dos adversários. Porém, olhar para si mesmo e para os que estão ao lado dele, a autocrítica não costuma ser o forte
Tipo Opinião
Ciro Gomes cumprimenta o deputado estadual Alcides Fernandes  (Foto: Guilherme Gonsalves/O POVO)
Foto: Guilherme Gonsalves/O POVO Ciro Gomes cumprimenta o deputado estadual Alcides Fernandes

Ciro Gomes (PDT), ao comentar as denúncias no Ministério da Previdência, fez comentário pertinente. Apontou a responsabilidade dos governos de Michel Temer (MDB), Jair Bolsonaro (PL) e de Lula (PT). Ao lado dos novos aliados bolsonaristas, fez questão de enfatizar que o valor das fraudes no governo Lula é muito maior, o que é fato.

Ele também criticou a substituição de Carlos Lupi (PDT) por Wolney Queiroz, que era o segundo na cadeia de comando do ministério. Ciro perguntou qual ato supostamente irregular Lupi teria cometido na pasta da qual Queiroz não teria participação. Tem razão.

A cobrança da responsabilidade dos presidentes da República é correta, bem como é legítima a crítica à indicação do substituto.

O que falta é Ciro reconhecer o papel e a responsabilidade do PDT e de Lupi. Pois, se o presidente é o responsável maior, isso não exime o gestor direto do ministério.

Falta discutir o que o aliado deveria ter feito, as obrigações como ministro e os evidentes erros cometidos.
Ciro é inegavelmente um bom crítico e costuma ser certeiro ao apontar erros e problemas dos adversários. Porém, olhar para si mesmo e para os que estão ao lado dele, a autocrítica não costuma ser o forte.

Crítica não era apenas política

Ciro Gomes se aproximar do bolsonarismo é o que mais chama atenção. Ele sempre foi muito crítico desse campo político, embora há muito tempo achasse que iria conquistar os eleitores de Jair Bolsonaro (PL), o que nunca chegou perto de conseguir. Sempre fez questionamentos éticos, embora de forma genérica. Entretanto, a mim admira ainda mais a aproximação com Capitão Wagner (União Brasil). Ainda não houve reunião pública, tampouco troca de elogios. Até agora.

Aliar-se com quem criticou é do jogo da política. É quase regra. Basta ver Lula e Geraldo Alckmin (PSB) juntos hoje. No Ceará, um dos muitos exemplos foram Tasso Jereissati e Moroni Torgan — aliados que brigaram e se uniram de novo depois. (Nas atuais trocas de críticas entre petistas e pedetistas, até acho recomendável economizar na ênfase. Ou alguém acha impossível eles estarem juntos de novo daqui a cinco, dez ou vinte anos?)

Ciro falou sobre a aproximação e sobre as diferenças que há dentro do novo grupo de oposição. Mencionou inclusive diferenças nacionais que considera inconciliáveis. Busca trazer o debate para o Ceará, como comentei ontem.

Todavia, entre Ciro e Wagner a coisa é mais séria. Houve troca de insultos a acusações, que se converteu em processos judiciais. Ciro chamou Wagner de miliciano, com todas as letras, Mais que isso, afirmou: “O Wagner, com dinheiro público, é quem financia essa estrutura de bandidos que estão ao redor dele”.

A se consumar uma aliança entre eles, seria adequado haver algum tipo de mea culpa, alguma explicação, uma satisfação à opinião pública que acompanhou tudo isso. Ou vai ficar estranho.

Fim da reeleição no horizonte

Foi adiada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado a votação do projeto de fim da reeleição, mas a proposta parece ter apoio para avançar. Deveria valer para 2034, mas os parlamentares acharam a transição muito longa e querem antecipar já para 2023. Lula (PT), assim, pode ser o último presidente com direito a tentar se reeleger.

O impasse agora é sobre os tempos de mandatos. O texto joga para cinco anos mandatos de presidente, governador, prefeito, deputados e vereadores. Os de senadores iriam para dez anos — maior ponto de crítica à proposta.

A reeleição provocou uma grande rearrumação das forças e dos ciclos políticos, além do ritmo das administrações. O possível fim mexerá com tudo de novo.

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