Logo O POVO+
Violência desafia Elmano
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Violência desafia Elmano

Em mais de 40 anos, só houve constância na piora da violência. Melhora, quando houve, foi sempre episódica
Tipo Opinião
Primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja  (Foto: Claudio Kbene/PR)
Foto: Claudio Kbene/PR Primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja

O Governo do Estado comemorou os números dos primeiros quatro meses do ano, com redução de 18,3% das mortes causadas por crimes violentos e 26,8% dos roubos. O governador Elmano de Freitas (PT) participou da divulgação, o que já era indicativo de dados positivos. Quando é negativo, o chefe do Poder Executivo não aparece. É o jogo da política.

A notícia é obviamente muito boa, independentemente de qualquer viés político. Os números ainda são muito altos, mas a redução é significativa. O mais importante será a sustentação do viés de queda, algo que o Ceará nunca conseguiu. Em mais de 40 anos, só houve constância na piora da violência. Melhora, quando houve, foi sempre episódica.

Começo de maio sangrento em Fortaleza

O começo de maio foi particularmente brutal em Fortaleza e se tornou um problema também político para o governador. No primeiro dia do ano, homem foi executado no bairro Conjunto Ceará, ao retornar de uma festa. No mesmo dia, duas jovens, personalidades nas redes sociais, foram assassinadas a tiros quando gravavam vídeos na Vila do Mar, na Barra do Ceará. Na própria Barra do Ceará, no dia seguinte, 2, cinco pessoas foram feridas a bala numa tentativa de chacina. Ainda no dia 2, uma mulher foi executada dentro de um ônibus na avenida Sargento Hermínio. Em 5 de maio, um advogado foi assassinado a tiros dentro do carro no bairro Genibaú. No dia 6, quatro pessoas morreram e outras ficaram feridas em chacina na Barra do Ceará. Isso quando o mês nem completara a primeira semana. Não foram os únicos casos. Houve muitos mais.

O governo se mexeu, mobilizou forças de segurança, tentou mostrar presença na rua. Conforme balanço divulgado nesta quarta-feira, 14, em sete dias, 181 pessoas foram presas ou apreendidas em flagrante, sendo 151 na Capital. Delas, 33 foram presas nas áreas que abrangem desde a Barra do Ceará até o Centro. Foram cumpridos mais 85 mandados de prisão, totalizando 266 detidos. Foram apreendidas 43 armas.

A interrogação é a capacidade de manter o fôlego em operações como essa. As prisões muitas vezes envolvem pessoas que, na hierarquia do crime, são facilmente substituídas. A capacidade da criminalidade de se regenerar tem sido maior que a do poder público de sustentar o enfrentamento intensivo.

Janja, a China e Bolsonaro

Repercute uma enormidade no Brasil o comentário feito pela primeira-dama, Janja, em encontro reservado de Lula com Xi Jinping, sobre o algoritmo do aplicativo chinês TikTok favorecer a direita. Não me parece algo capaz de provocar um incidente diplomático, por mais que tenha havido quebra de protocolo e seja um tema sensível para a China. Agora, apareceu-me Jair Bolsonaro (PL) para falar da importância da relação com a China e disse que o comportamento de Janja "dá vergonha" e é "vexame em cima de vexame.

Em 2021, quando era presidente, ele insinuou que o vírus da Covid-19 teria sido criado em laboratório, como parte de uma "guerra química, bacteriológica e radiológica".

Em 2020, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, publicou, e depois apagou, mensagem segundo a qual o Brasil apoiava uma "aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China". A embaixada chinesa divulgou comunicado segundo o qual caberia ao governo brasileiro "arcar com consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil". Só para lembrar.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?