Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: FÁBIO LIMA
PREFEITO Evandro Leitão faz mudança em área mais problemática
A substituição na Secretaria da Saúde ocorreu, segundo informou o prefeito Evandro Leitão (PT), a pedido da agora ex-secretária Socorro Martins. Mas, o fato é que essa é a área em que a nova gestão mais encontra dificuldades. Já foi o setor mais problemático do mandato de José Sarto (PDT), e colapsou nas semanas finais. Também foi o calcanhar de Aquiles de Roberto Cláudio (PDT), Luizianne Lins (PT), Juraci Magalhães… Para o prefeito que está no cargo, porém, dizer que já estava ruim antes não é argumento.
Falar que medicamentos já estavam em falta não justifica o problema persistir. Afinal, um novo prefeito foi eleito para resolver. E Evandro, como todos os demais candidatos, criticavam Sarto pela situação da saúde. Se fosse para continuar, o eleitor teria reconduzido o ex-prefeito. O que se espera é solução.
Para a complexidade da área e o tamanho das dificuldades, nem acho que quatro meses e três semanas de mandato seja tempo bastante para esperar soluções. Porém, os problemas são muitos e o desgaste para o prefeito também. Principalmente a falta de medicamentos. A gestão municipal tem gastado em publicidade para se justificar, enquanto o assunto é explorado a valer pelos adversários.
Entendo que o desafio logístico é grande. Tanto que todas as gestões anteriores tiveram dificuldades. Porém, não é possível que não se consiga assegurar o abastecimento do básico. Recentemente, estavam em falta mesmo remédios bastante elementares, e até de baixo custo — mas cujos preços são impeditivos para muita gente.
A substituição na saúde traz um bom sinal. Evandro agiu rápido numa área que estava com problemas. Certo, o argumento é de que a secretária pediu para sair. Pode ser, mas num contexto de evidentes dificuldades. Não parece que o prefeito tenha feito esforço para mantê-la. Muitas vezes, a informação de exoneração a pedido é uma questão de elegância.
O tempo para mostrar resultado foi pouco, mas, se foi detectado problema, a insistência e a demora em agir só agravam a situação. A velocidade na tomada da decisão é boa sinalização.
O lado ruim é o fato de que a escolha da secretária foi de imediato recebida com desconfiança. Aliado do prefeito — o atual e os anteriores — o vereador Adail Júnior (PDT) era crítico de Socorro desde os primeiros dias de mandato, sequelas dos primeiros quatro anos de Roberto Cláudio. Na campanha de reeleição de RC, a saúde, gerida por ela, foi a grande vidraça escolhida pela oposição. Ao final do mandato, o prefeito reeleito entendeu que deveria mudar o comando da pasta. A avaliação ao final não era boa.
Então, Evandro demonstra o mérito, que não tem sido a tônica em gestores recentes, de agir rapidamente. No caso, aparentemente agir para corrigir um erro. Porque as dificuldades enfrentadas na pasta parecem dar razão a questionamentos que já existiam antes.
A pesquisa e o poder público
A rádio CBN entrevistou Mariangela Hungria, vencedora do Prêmio Mundial da Alimentação deste ano, considerado uma espécie de Nobel da Agricultura. É um feito gigantesco, inédito para o Brasil. Na conversa, a pesquisadora da Embrapa Soja falou sobre o trabalho desenvolvido ao longo de uma vida, sobre uso de insumos biológicos para a produtividade agrícola sustentável. Ela desenvolveu modelos de tratamento do solo com uso de bactérias para levar nutrientes às plantas, no lugar de fertilizantes químicos.
Mariangela Hungria destacou o suporte da Embrapa Soja para o trabalho: “Somente empresa pública faz um investimento de 40 anos numa pesquisa que reverte para todos, independente se é grande ou pequeno”.
Fala-se muito da importância da inovação, mas o Brasil investe pouco em pesquisa, em ciência. O setor privado tem papel inestimável nessa área. Infelizmente, são poucas empresas que apostam de forma robusta em produção do conhecimento. Seria ótimo se assumissem muito mais esse papel. Mas, como disse Mariangela, investir de forma maciça ao longo de décadas em algo que vai dar retorno a todo o setor, não apenas a quem desenvolveu, é algo que só o poder público faz no Brasil. É a ação governamental que viabiliza a pesquisa e a ciência no País.
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