Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
As políticas públicas mais bem-sucedidas no Ceará tiveram como denominador comum a formação de quadros gerenciais. Na segurança e na saúde, há dificuldades
Foto: Daniel Galber - Especial para O Povo
SECRETARIA da Saúde de Fortaleza
A troca de comando na saúde em Fortaleza expõe uma dificuldade, que é formar gestores nessa área. As políticas públicas mais bem-sucedidas no Ceará tiveram como denominador comum a formação de quadros gerenciais. Por exemplo, recursos hídricos, setor historicamente crítico e no qual o Estado se tornou referência nos últimos 40 anos. De Hypérides Macedo a Francisco Teixeira, que tiveram destaque inclusive em cargos de alcance nacional. Na educação, igualmente houve a formação de gestores, muitos dos quais nem são professores. Projetaram-se personagens como Izolda Cela (PSB) e Idilvan Alencar (PDT). O equilíbrio fiscal do Estado passou por uma geração tanto de formação empresarial quanto de técnicos egressos de fundações como Banco do Nordeste (BNB) e Secretaria da Fazenda (Sefaz).
Na segurança, parte do problema do Ceará vem do comando. Os secretários costumavam ser delegados da Polícia Civil — a antiga Secretaria da Segurança Pública não tinha gestão sobre a Polícia Militar. Com Tasso Jereissati, foram trazidos delegados da Polícia Federal. Quando a situação se agravou, ele recorreu a general do Exército, algo que Lúcio Alcântara também fez. Cid Gomes voltou a buscar a Polícia Federal e tentou um coronel da PM, que não se saiu bem. Desde o fim do segundo governo Cid, a Segurança do Ceará tem sempre estado sob o comando de delegados da Polícia Federal, a maioria vindos de fora. O problema não é nem o fato de serem delegados federais, muito menos não serem cearenses. Mas, o fato de se buscar solução fora porque não foram formados gestores locais. Não só por culpa dos gestores, a área tem ido muito mal.
A saúde é outra área crítica, não só no Ceará. Junto com a segurança, é o maior problema em todos os lugares do Brasil. Um espaço de formação de gestores foi o Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), organização social que gere várias unidades de saúde pública. De lá saiu Henrique Javi, físico que foi secretário da Saúde no primeiro governo Camilo Santana (PT). E também Socorro Martins, que foi secretária de Roberto Cláudio (PDT) e, até esta semana, de Evandro Leitão (PT).
RC deu espaço a algumas novidades. Quando José Sarto (PDT) assumiu, trouxe a secretária que havia sido adjunta na gestão do antecessor e aliado. Depois, trocou por João Borges, que havia sido diretor da Unimed Fortaleza. Durou pouco tempo — a gestão no setor privado e no público são coisas muito diferentes. Em seguida, foi buscar Galeno Taumaturgo, que havia sido secretário de Juraci Magalhães, 20 anos antes.
Evandro, por sua vez, trouxe Socorro Martins, da gestão Roberto Cláudio. Agora, trocou por Riane Azevedo, que estava no Instituto José Frota (IJF). Ela já havia sido superintendente do hospital nas gestões de Roberto Cláudio e Sarto. Não questiono a competência de qualquer um deles, mas a gestão da saúde na Capital dá voltas em torno de nomes que vão e vêm das gestões.
Faz sentido ao menos por um lado. A rede é muito complexa e altamente especializada. Conhecê-la por dentro é um atributo valioso. Não é fácil para quem chega de fora — vide João Borges. Tampouco o problema está apenas no gestor. Mas são eles que precisam dar solução. E a situação não é boa, e isso de muito tempo.
Empurrão
Quando Ciro Gomes (PDT) sinalizou que pode concorrer a governador do Ceará, foi uma surpresa. Ele mesmo disse que não é a vontade dele, e o nome que prefere é Roberto Cláudio (PDT). Mas, entre muita gente da oposição, a ideia foi muito bem recebida. Em entrevista, Cid Gomes (PSB) falou que a candidatura do irmão seria um constrangimento para ele, talvez o maior da vida. Isso é forte. O senador já disse que apoiaria Ciro para presidente, mas enfatizou o quanto discorda dele hoje sobre o cenário estadual, em particular sobre as companhias.
É capaz de o constrangimento de Cid ser um motivo a mais para Ciro ser candidato. Interlocutores do senador dizem que, internamente, ele relata não acreditar que o irmão irá concorrer. Às vezes, acredita-se no que se deseja que aconteça.
Mas, tem gente na oposição que também não gosta da ideia de Ciro candidato.
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