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Cid e Ciro, o local e o nacional
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Cid e Ciro, o local e o nacional

Senador entende que o irmão serve para presidente do Brasil, mas não para governador do Ceará
Tipo Opinião
CID Gomes e Ciro Gomes (Foto: Divulgação/Twitter Ciro Gomes)
Foto: Divulgação/Twitter Ciro Gomes CID Gomes e Ciro Gomes

Ciro Gomes (PDT) disse que não quer ser candidato a nada, mas não descarta vir a concorrer a governador do Ceará em 2026. Cid Gomes (PSB) não acredita que o irmão será candidato, mas se manifestou de modo que vislumbra ser algo factível. Essa hipótese surgiu meio que despretensiosamente, mas, como mostrou o repórter Guilherme Gonsalves, a ideia parece ganhar corpo. Ainda não é o cenário mais provável, mas está no horizonte das possibilidades.

Quando o senador fala que seria um constrangimento a candidatura do irmão a governador, remete a outros momentos recentes de desencontros políticos. Afirma que este talvez fosse o pior. Muito provavelmente, porque os envolver diretamente.

Porém, Cid sinaliza que não subiria no palanque de oposição, com o grosso da direita cearense. E indica que o “natural” seria apoiar a reeleição de Elmano de Freitas (PT).

Desde o começo dos anos 2000, o grupo familiar estabeleceu que Ciro iria se dedicar ao projeto nacional e Cid ficaria nas articulações estaduais. Com o rompimento em 2022, essa divisão deixa de fazer sentido, pois eles não atuam mais juntos. Mas, Cid ainda assim defende que Ciro se volte para o plano nacional e não se envolva tanto nas questões do Ceará.

Quando surgiu a perspectiva de Ciro candidato, a interrogação imediata era qual seria a posição de Cid. É uma força política considerável. Mesmo sem apoiar o irmão, a simples neutralidade seria um baque muito grande para o governismo.

A questão é que, tal como em 2022, Cid pode até permanecer neutro, mas o grupo que lidera não fica. E há magnetismo próprio para um dos lados.

Possibilidades e movimentos

Cid Gomes lidera o grupo com mais prefeitos e como enorme contingente de deputados. Porém, isso não significa que ele possa decidir para onde esse grupo vai. Prefeitos, ainda mais em pequenos municípios, precisam do governo. A maioria dos deputados também. Se decide romper com o governo, muitos iriam abandonar o líder e ficar com a máquina. A não ser, é claro, que as perspectivas de vitória eleitoral ficassem muito evidentes. Na própria eleição de Cid para governador, em 2006, ele conseguiu atrair prefeitos e deputados. Mas a maioria dos gestores municipais fez jogo duplo. O então governador Lúcio Alcântara fez evento em bufê no qual estavam a maioria dos prefeitos.

Neutralidade deu errado

Cid Gomes dá sinais de que não pretende repetir 2022, quando optou por uma estranha neutralidade. Apoiou Ciro para presidente, Camilo Santana (PT) para senador e não fez campanha para governador, na expectativa de atuar na recomposição em um segundo turno. A intenção era preservar a relação com o irmão,mas deu bastante errado. Ciro ficou furioso e se disse magoadíssimo. Não houve segundo turno para ele atuar. E os aliados se sentiram abandonados por falta de orientação.

Serve para mais, não serve para menos

O curioso é que Cid segue defendendo Ciro para presidente da República, mas rejeita os movimentos estaduais do irmão e afirma que não subirá no possível palanque para governador. Porém, defende o irmão candidato a presidente. Ou seja, serve para presidente do Brasil, mas não para governador do Ceará.

Foto do Érico Firmo

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