Logo O POVO+
Na crise política do Ceará, preço mais alto quem pagou foi o PDT
Foto de Érico Firmo
clique para exibir bio do colunista

Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Na crise política do Ceará, preço mais alto quem pagou foi o PDT

O PDT era o maior partido do Ceará e parecia a caminho de ter o Governo do Estado. Em menos de três anos, perdeu quase tudo
Tipo Opinião
REUNIÃO do PDT para decidir os rumos da sigla em Fortaleza e no Ceará (Foto: Divulgação / Assessoria de Comunicação PDT Ceará)
Foto: Divulgação / Assessoria de Comunicação PDT Ceará REUNIÃO do PDT para decidir os rumos da sigla em Fortaleza e no Ceará

Após três anos de conflitos, o PDT se reaproxima do PT e do governo do Ceará. O partido sai com escoriações, hematomas e cicatrizes da crise desencadeada pelo processo de definição da candidatura ao governo em 2022. Quase todos os principais envolvidos de lado a lado saíram da legenda e outros estão de saída. Deixam para trás uma terra arrasada. Há três anos, era o maior partido do Ceará, com a maior bancada estadual e o maior número de prefeitos. Até a próxima janela, a representação na Assembleia Legislativa deve ser reduzida a zero. Na Câmara dos Deputados, pode restar apenas um parlamentar pedetista pelo Ceará.

Em declaração tempos atrás, o senador Cid Gomes ressaltou que o PDT poderia ter tido o uma candidatura, com Izolda Cela, apoiada por Camilo Santana e Lula (ambos do PT) e grandes chances de ser reeleita governadora. É verdade. Cid disse que, passada a eleição, acreditava que Ciro Gomes e Roberto Cláudio lhe dariam razão. “Sinceramente, eu achava que, passadas as eleições, os dois viriam me dizer: ‘Rapaz, você estava com a razão’”, disse certa vez. Em reunião da qual participou com RC após a eleição, o senador disse isso ao ex-prefeito — e a reação não foi boa.

Também é fato, por outro lado, que Cid não fez nenhum movimento público para viabilizar a tese que defendia. Recentemente ele comentou, com razão, que teria votos para fazer prevalecer a candidatura de Izolda. Mas não fez nada nesse sentido. Segundo afirma, para respeitar a decisão de Ciro, que queria Roberto Cláudio candidato.

Realmente, o PDT poderia ter a governadora, manter a maior bancada estadual e o maior número de prefeitos. Porém, passada a eleição, foi parar na oposição, perdeu prefeitos, a bancada e o senador.

Em 2024, o cenário era mais complicado mesmo. O então prefeito de Fortaleza, José Sarto, até defendeu, em troca do apoio da sigla ao governo Elmano de Freitas, o PT apoiar a gestão municipal. Nem uma coisa nem outra aconteceu e não me parece que houvesse qualquer disposição do governismo para estar no palanque de reeleição de Sarto. O plano de tomar a Prefeitura de Fortaleza já estava em curso.

Seja como for, em 2022, o PDT era o maior partido do Estado e parecia a caminho de ter o Governo do Estado. Em menos de três anos, perdeu quase tudo. É hoje uma legenda mediana no Estado e pode se tornar menos que isso.

A decisão fundamental que mudou tudo foi lançar Roberto Cláudio e não Izolda em 2022. Depois, o fato de não deliberar pelo apoio ao governo Elmano teve custo político extra. Teria como ser diferente? Provavelmente não.

Seria difícil não respaldar Ciro

Poderia o PDT decidido lançar Izolda e não Roberto Cláudio. A favor dela havia dois grandes argumentos: era a governadora e podia, e manifestou vontade, de disputar a reeleição. Além disso, ela garantia o apoio de Camilo e do PT. Preservava a aliança, e isso não era pouca coisa para a forma como o grupo faz política.

Por outro lado, RC aparecia melhor nas pesquisas que Izolda. Um critério sempre de muito peso. Além disso, Ciro era o principal patrono da candidatura do ex-prefeito de Fortaleza. Não era decisão simples para o partido. Tratava-se do candidato a presidente da legenda. Se ele não apitasse na candidatura do partido no estado dele, ficaria complicado.

Futuro

O PDT escolheu um lado, que agora está de saída. A outra parte já havia deixado a legenda antes. Ao menos por enquanto, Ciro fica. Não se sabe se algum parlamentar ou aliado fica com ele. E restam os pedetistas históricos, que já estavam lá antes de os Ferreira Gomes chegarem, no fim de 2015.

Certamente, a saída de Roberto Cláudio, e dos deputados que buscarão outros caminhos, é um baque. Ao mesmo tempo, porém, o partido fica mais livre para tomar a decisão que julga mais adequada estrategicamente para o futuro, e que não era condizente com os caminhos e conflitos estabelecidos pelos líderes que estão de saída.

Foto do Érico Firmo

É análise política que você procura? Veio ao lugar certo. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?