Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Um meme circula nos últimos dias sobre o mês de junho no Brasil e no resto do mundo. Enquanto o forró que anima o São João toca por aqui, os mísseis cruzam os céus do planeta. Enquanto isso, logo nos Estados Unidos, ocorre a mais surpreendente festa do futebol em alguns anos
Foto: ATTA KENARE / AFP
CHAMAS de incêndio na refinaria de petróleo de Teerã
Nos últimos dias, as atenções têm-se dividido entre a Copa do Mundo de Clubes da Fifa e os bombardeios no Oriente Médio. Ambas as situações passam pelos Estados Unidos: uma festa global e uma tragédia humanitária.
Os conflitos entre Israel e palestinos em uma frente e Israel mais Estados Unidos contra o Irã em outra expõem uma sequência de absurdos. O massacre promovido pelo Hamas em 7 de outubro de 2023 foi um crime brutal, horrendo e inadmissível contra populações civis. Política e estrategicamente, foi uma estupidez cujas consequências, embora condenáveis, eram previsíveis.
O Hamas cometeu crimes de guerra e Israel respondeu com mais crimes de guerra. A dimensão da resposta, a agressividade, a mortandade são inaceitáveis. Foi estabelecido o objetivo de eliminar o Hamas, mas isso não é possível sem gravíssimas violações humanitárias. A violência cometida desponta entre as ações mais brutais cometidas por um Estado nacional neste século. O bloqueio à ajuda internacional agride a lei e os tratados internacionais. É usar fome como arma de guerra. O governo de Benjamin Netanyahu não se submete a instâncias internacionais e só escuta o aplauso e o apoio. Não faz autocrítica nem aceita questionamento.
Com participação dos Estados Unidos, instalações nucleares foram atacadas, outra violação ao direito internacional e ao bom senso. O programa nuclear do Irã está longe de ser confiável e a deterioração da colaboração com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) já era evidente. Mas o primeiro governo Donald Trump retirou os Estados Unidos do pacto multilateral, no maior golpe para fragilizá-lo. E Israel, bem, não é o que se pode chamar de transparente sobre o programa nuclear. A ambiguidade é uma política perigosa nesse assunto. E é um dos poucos países no planeta a não terem assinado o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Um meme circula nos últimos dias sobre o mês de junho no Brasil e no resto do mundo. Enquanto o forró que anima o São João toca por aqui, os mísseis cruzam os céus do planeta. Enquanto isso, logo nos Estados Unidos, ocorre a mais surpreendente festa do futebol em alguns anos.
A competição tem tido resultados surpreendentes. O que uma coisa tem a ver com a outra? Para as potências do esporte internacional — europeias, nesse caso — a Copa tem sido a revelação de que existe um mundo para além do continente. Joga-se bom futebol, não mais lento nem menos taticamente desenvolvido do que o possível dentro das condições de clima, calendário e finanças. Será exagero meu só até certo ponto encontrar um paralelo possível com o espanto a partir das navegações dos séculos XV, ao constatarem o que existia além-mar.
O historiador Roger Crowley, no livro Conquistadores (Editora Crítica, 2016), oferece uma interessante perspectiva britânica das conquistas navais portuguesas — normalmente abordadas por nós sob a ótica brasileira ou portuguesa. Ele narra como, ao chegarem ao oceano Índico, os navegadores se depararam com uma região em intenso intercâmbio, da costa leste africana ao extremo oriente. E perceberam, afinal, que era a Europa que estava isolada.
Guerras são resultado de muitas coisas, mas quase todas passam por não enxergar e entender o outro. Na Copa de clubes, pelo esporte, o mundo se tornou maior e mais interligado. É um começo. Para os conflitos que o planeta atravessa, isso não representa nada além de uma quase insignificante fagulha.
Mercado, esse curioso ente
Vai entender este negócio chamado mercado financeiro. A Bolsa de Nova York subiu depois que o Irã bombardeou bases militares dos Estados Unidos. O otimismo aparentemente fora de hora foi atribuído ao fato de que temia-se por reação pior. O preço do petróleo caiu mais de 7%.
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