Brasil terá mais deputados, para o bem dos… deputados
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Brasil terá mais deputados, para o bem dos… deputados
A mudança parte de uma necessidade real. Havia estados subrepresentados e outros super-representados. Isso é um problema político. Mas a saída buscou atender os próprios parlamentares
Foto: Lula Marques/AGPT
Câmara dos Deputados terá aumento no número de representantes
O Brasil, e o Ceará, terão mais deputados. Se “ganhará” deputados é outra questão. A bancada do Estado em Brasília terá um representante a mais. O incremento irá se refletir na Assembleia Legislativa.
A mudança parte de uma necessidade real. O número de integrantes na Câmara Federal deixou de representar a proporção das populações dos estados. Não havia atualização desde 1993, 32 anos atrás. Havia estados subrepresentados e outros super-representados. Isso é um problema político.
A solução poderia ser redistribuir as 513 vagas existentes, não precisava aumentar o número. Mas ninguém queria perder cadeira. A eleição do ano que vem ficaria mais difícil. Então, aumentaram as vagas para rearrumar as proporções sem ninguém perder. Aumentou a representação de alguns, mas os que em tese perderiam ficaram como estavam.
O argumento que mais me toca para aumentar o número de deputados é o fato de que, se houvesse nova repartição sem elevar o número total, estados como o Ceará até iriam ganhar, mas o Nordeste, no total, ficaria com sete deputados federais a menos. Seria menos peso político para a região mais pobre e desigual. Porém, o crescimento será maior em outras regiões. O Nordeste perderia representantes porque o peso populacional ficou menor nas últimas décadas. No fim das contas, o peso nordestino ficará menor de qualquer jeito, porque terá menor proporção dos 531 deputados que passará a haver.
Tudo soa, no fim, como subterfúgio para dar argumento para o real objetivo: favorecer os próprios parlamentares. Que cobram responsabilidade fiscal do governo, mas nunca acham que falta dinheiro quando é para o benefício deles.
Símbolo de uma era
Morreu na terça-feira, 24, a ex-vereadora Nelba Fortaleza. Ela é um dos símbolos de uma era e um jeito de fazer política que marcou a Capital. Nelba foi secretária da Regional 5, que abrange bairros como Bom Jardim e Siqueira. Na época, incluía ainda Conjunto Ceará, Maraponga, Mondubim e outros mais, como José Walter. Abrangia bairros muito grandes, com áreas vulneráveis e que necessitam muito da ação do poder público.
Era o terceiro e último mandato do ex-prefeito Juraci Magalhães. As regionais, na época, foram criadas como supersecretarias. Eram muito poderosas, quase pequenas prefeituras mesmo. No primeiro momento, chegaram a ser extintas secretarias como as de Educação e de Saúde. Cada “prefeiturinha” tinha um distrito de Educação e outro de Saúde. Na administração central, foram criadas pastas de assessoria técnica às regionais nessas áreas. Havia um previsível problema, que era a falta de coordenação, com as diferentes áreas da cidade indo em direções distintas, tendo uma política.
Como era previsível, essas secretarias se tornaram poderosas máquinas de voto. Hoje, aliados de Juraci avaliam que foi um erro a dimensão que os secretários passaram a ter, pois isso esvaziou o próprio prefeito. As regionais se tornaram o grande instrumento para eleger vereadores, canal fundamental do poder político em Fortaleza. E isso era feito sem necessariamente precisar negociar com o prefeito. E, quando secretários se movimentavam para ser candidatos, havia briga com vereadores e outros candidatos.
Ao final da era Juraci Magalhães, na eleição de 2004, a administração sofreu uma enorme derrota. Com muito desgaste do prefeito, o candidato à sucessão, Aloísio Carvalho, ficou apenas na quinta colocação, com 7% dos votos, menos da metade do quarto colocado, que teve 18%. Porém, foi um sucesso para os candidatos à Câmara Municipal pelo PMDB, partido do então prefeito. A legenda fez a maior bancada e Nelba foi a mais votada da Capital.
Ela chegou a ser denunciada pelo Ministério Público de usar critério político na distribuição de moradias, favorecendo cabos eleitorais, mas a Justiça rejeitou a acusação.
Nelba foi ícone, um dos últimos e mais significativos naquele fim, da forma de fazer política da era Juraci, que marcou Fortaleza na década de 1990 e na primeira metade dos anos 2000.
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