Como Lula quer reeleição se não governa nem agora?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Não se sabe se Lula (PT) será mesmo candidato à reeleição. Em público, ele não é taxativo, embora tenha feito recentes declarações nas quais busca demonstrar confiança. Reservadamente, o que se fala nos bastidores é que ele afirma que buscará, sim, o quarto mandato. A esta altura, porém, é inverossímil projetar um novo mandato do atual presidente, com um governo caindo pelas tabelas, impopular e politicamente esquálido. Na situação de hoje, não há indicativos de que ele será vitorioso no próximo ano. Há um clima de fim de feira, e o Congresso Nacional sente isso.
A derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) é um problema prático, para o qual o governo terá de arranjar solução sabe-se lá onde. Mas isso talvez seja menos grave que o impasse político evidenciado.
Lula tem vetos rejeitados, projetos que não avançam, decreto derrubado. As projeções apontam que o parlamento a ser eleito em 2026 deve ser ainda mais conservador. Se não consegue governar hoje, o que leva a crer que ele será capaz de fazer isso de 2027 em diante, com cenário talvez mais adverso? E o que se pode esperar de um governo nessas condições, se não o panorama melancólico que já se vê agora.
Volta por cima?
Não é impossível que o cenário mude, mas é improvável. Quando já se conseguiu algo inesperado, tende-se a acreditar que irá se repetir. Há 20 anos, o primeiro mandato presidencial petista estava mergulhado no mensalão, que ainda iria se agravar muito antes de arrefecer. No ano seguinte, ele se reelegeu — contra o atual vice, Geraldo Alckmin. Não é que não possa acontecer de novo, mas o Brasil mudou, a política também, assim como Lula. Não existiam redes sociais como se concebe hoje. O Orkut era novidade e o Youtube acabava de ser criado. Whatsapp nem existia. Hoje é muito difícil repetir fenômenos antes vistos aos montes, nos quais o candidato chegava até a eleição em baixa e era impulsionado por campanha massiva e intensiva. Agora, política se faz o tempo todo e todo dia. Uma eventual recuperação seria para ontem.
O recado e a resposta
A derrota do governo é a síntese de algumas coisas. O primeiro, por princípio: a maioria parlamentar é conservadora, mesmo muitos que são da base aliada e estão lá pelas conveniências. Eles discordam das ações e, mais que isso, divergem da administração e do presidente que as propõe. Precisam, assim, de muito agrado para votar a favor.
Porém, o segundo e mais importante motivo para a derrota do governo é o fato de as emendas parlamentares estarem emperradas. São milhões que os deputados destinam às bases eleitorais. O Congresso está insatisfeito com a situação e deu um recado no qual sentiu prazer.
O Executivo provavelmente conseguirá se compor com o Legislativo pela velha receita do derrame de emendas. Não é saudável nem sustentável, mas não vejo alternativa.
Um terceiro obstáculo, que agrava o cenário geral, é o fato de os políticos perceberam o governo está fraco e impopular. O voto contrário agrada às bases eleitorais. Ficar ao lado do Palácio do Planalto não traz ganhos políticos com o eleitorado nem grandes benefícios outros. E a administração não impõe respeito.
Lula tem problema, dos grandes, que antecede a eleição do ano que vem: como irá se sustentar até o fim do ano que vem. Como seguirá a administrar e como colocará as ações em prática. Do jeito que está, a formação de um palanque sólido está comprometida, pois não aparenta que irá seguir no poder.
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