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6 meses de Evandro e o desafio pela frente
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

6 meses de Evandro e o desafio pela frente

Estratégia para os primeiros seis meses teve um impacto, mas o restante do mandato exigirá outros movimentos
Tipo Opinião
EVANDRO é abordado para self em visita a canais do Jardim Iracema (Foto: Samuel Setubal)
Foto: Samuel Setubal EVANDRO é abordado para self em visita a canais do Jardim Iracema

Evandro Leitão (PT), como os demais prefeitos empossados em janeiro, completam seis meses de mandato. Para o gestor de Fortaleza, havia alguns desafios emergenciais. Como prometia em campanha, o primeiro passo do posicionamento político foi cumprir intensa agenda, com visibilidade nas ruas. Houve efeito inicial, embora, como seria natural, o ritmo dos primeiros dias não tenha se sustentado. Havia o colapso na saúde, que demorou a ser contornado. Até a secretária foi trocada.

Graves problemas persistem. A falta de medicamentos foi reduzida, mas ainda ocorre. As ruas seguem com muito lixo.

É evidente que críticas como a do ex-prefeito José Sarto (PDT), que apregoa a ideia de um desastre, são exageradas, embora esperadas. Por outro lado, a presença do governante é apenas um começo. A estratégia para o iniciar o mandato deu resultado para a imagem dele, mas, daqui para a frente, precisará mostrar mais. Evandro terá, cada vez mais, de apresentar ações de impacto. Para a população sentir a presença do trabalho do prefeito e da adminstração no dia a dia.

Bolsonaro perdeu capacidade de mobilização?

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) promoveu mais um ato na Avenida Paulista, no domingo, 29. As manifestações se seguem, mas ficam cada vez menores.

Neste domingo, eram 12,4 mil pessoas, menor número desde que Bolsonaro perdeu a eleição presidencial de 2022, quando tentou a reeleição e não conseguiu. Em 6 de abril, o ex-presidente realizou ato para 44,9 mil. Em fevereiro de 2024, foram 185 mil.

Os dados são do Monitor do Debate Público do Meio Digital, da Universidade de São Paulo (USP). Esses dados costumam ser questionados, mas são o que há de mais transparente e rigoroso em termos de metodologia. São tiradas fotos de drones que abrangem toda a extensão do ato, em diferentes momentos. Software é usado para calcular o número de presentes, com auxílio de inteligência artificial. Os pesquisadores dizem que a precisão é de 72,9%, a acurácia de 69,5% na identificação e o erro percentual absoluto médio é de 12%, para mais ou para menos. Com essa margem, a manifestação de domingo poderia ter 1,5 mil pessoas a mais ou a menos do que o calculado.

De qualquer forma, a comparação de um ato para outro é do mesmo monitor, com o mesmo método. Todas as estimativas de público foram questionadas pelos bolsonaristas. No entanto, com o mesmo critério, a queda é grande. No domingo passado, não houve 10% do público de fevereiro do ano passado.

A esquerda, em momento de muita fragilidade política do governo Lula (PT), comemora que pelo menos o principal adversário não mostra a capacidade de mobilização de antes.

Constata-se que a pauta do bolsonarismo, anistia e ataque ao Supremo Tribunal Federal (STF), não tem grande apelo perante essa parcela do eleitorado. Também há desgaste do próprio Bolsonaro, embora circunscrito a certo limite. Tudo que vem à tona nos julgamentos, sobre tentativa de golpe e questionamento ao sistema eleitoral, não é algo que desagrade à maioria dos eleitores dele, ao contrário.

Porém, o momento, a mais de um ano da próxima eleição, não favorece grandes mobilizações, da parte de ninguém. Nesse quesito, ainda que em queda, Bolsonaro segue com maior capacidade de atrair público que Lula e o PT, absolutamente enferrujados nesse assunto e sem conseguir manusear a pleno potencial as ferramentas digitais para articulações de massa.

Ato de 12 mil pessoas não é um fiasco. Sempre foi algo considerável, mas a dimensão alcançada pelas mobilizações conservadoras desde o impeachment de Dilma Rousseff (PT) faz com que pareça pouco.
Por outro lado, outra evidência é de que Bolsonaro, fora do poder, jamais conseguiu reunir as mesmas multidões de quando dispunha da máquina.

O intuito era aumentar a pressão sobre o Supremo e não me parece que o objetivo tenha sido alcançado. Foi mais uma demonstração de fragilização contínua de Bolsonaro, e isso deve preocupá-lo. Mas isso está longe de significar algo sobre as chances desse grupo em 2026.

Afinal, a eleição mais recente de Lula já mostrou que não é porque a pessoa não vai para protesto de rua que ela não vota.

Foto do Érico Firmo

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