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O que define um bom prefeito?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O que define um bom prefeito?

Inovar é bom, mas não precisa inventar. O fundamental bem feito é mais do que se tem na maioria dos lugares
Tipo Opinião
ÁREAS verdes e recursos hídricos são parte fundamental do espaço urbano e da qualidade de vida nas cidades (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR ÁREAS verdes e recursos hídricos são parte fundamental do espaço urbano e da qualidade de vida nas cidades

Os prefeitos que tomaram posse em 1º de janeiro completaram nesta semana seis meses de mandato, o que é pouco tempo para saber quem é bom, mas às vezes é suficiente para saber quem é ruim. Não é possível saber o que dará certo, muito menos colher resultados. Mas já dá para ter noção de coisas que darão errado. Seis meses são prazo razoável para indicar algum rumo.

Já escrevi algumas vezes que a máquina pública é lenta. As coisas demoram a acontecer. Por isso, o gestor precisa ser rápido. Um grande projeto que não tiver sido formulado no primeiro ano dificilmente sairá do papel até o fim do mandato.

Óbvio que é muito diferente analisar o prefeito de um pequeno município, de um grande ou o de uma capital. São outros problemas, outras possibilidades e complexidades distintas.

Em qualquer administração, há serviços fundamentais que, sem um padrão mínimo de qualidade, comprometem a gestão. A saúde e a educação são pré-requisitos.

O sucesso da política cearense de ensino nas últimas décadas passa pelas prefeituras, com suporte técnico do Estado. Municípios muito pequenos, com redes diminutas, descobriram que podem ter ótimos desempenhos.

Saúde é um negócio complicado. Quem está doente no hospital nunca estará satisfeito. É ruim e pronto. O serviço não costuma ajudar. Nem o particular, tampouco por plano. Vai à emergência de qualquer hospital e pergunta aos usuários quem está satisfeito. A rede pública, da qual todo mundo é cliente, é mais complicada ainda. Principalmente porque se esbarra no primário. Ainda falta medicamento em posto. Que dirá o atendimento de emergência.

O prefeito, hoje, precisa ser agente da segurança pública. Até porque as pessoas perigam não conseguir ir nem à escola nem ao hospital, porque a facção não deixa. É preciso construir ruas seguras, iluminadas e com fluxo de pessoas. É a maior contribuição de qualquer gestão municipal para a segurança. E é necessária parceria com as forças policiais. Não dá mais para fingir que não é problema do município.

O desempenho nessas áreas, apenas, não assegura o sucesso de uma administração, mas pode significar fracasso, crises e um carimbo muito negativo. Para uma gestão ser bem avaliada no conjunto, o cuidado com o espaço urbano é determinante. O aspecto geral. É desejável que a cidade seja bonita, agradável e propicie qualidade de vida.

Vias transitáveis, sem buracos, são necessárias. Mais importante ainda são calçadas caminháveis, com espaço. Agora mesmo, Evandro Leitão (PT) lança em Fortaleza operação contra os buracos. Não lembro de se fazer operação “conserta calçada”. Um cadeirante dificilmente vai de uma esquina a outra em qualquer quarteirão da Capital sem encontrar obstáculo.

A poluição visual, as fiações, influenciam demais na percepção sobre o lugar. E o lixo. Bem, ruas limpas são o elementar, o básico, ao qual Fortaleza ainda não chegou. Há 40 anos é empecilho para todos os prefeitos.
Fala-se da educação das pessoas. A rua não é suja porque o sujeito joga papel de bombom no chão. Claro que não ajuda, mas os monturos se formam como resultado de atividades econômicas, como resíduo de construção, como descarte irregular de comércio ou serviço. O grave transtorno de todas as gestões é deliberado e construído, não surge ao acaso.

A prioridade ao meio ambiente

A qualidade de vida e do espaço urbano na cidade passam necessariamente pelo meio ambiente. Pela arborização — há lugares do Ceará em que é difícil estar na rua por volta do meio-dia. A sombra das árvores faz diferença. E aí passa pelas construções permitidas ou não, o rigor da fiscalização. A poluição dos rios, das lagoas, das praias — estas que são um dos pilares da economia da Capital.

Num município em que os estudantes aprendem na escola, a saúde atende a padrões aceitáveis, é possível andar na rua e o espaço público é limpo e bem cuidado, dificilmente o prefeito não será muito bem avaliado. Inovar é bom, mas não precisa inventar. O fundamental bem feito é mais do que se tem na maioria dos lugares.

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