O meteórico Júnior Mano, de vice-prefeito a deputado, pré-candidato a senador e alvo da PF
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O meteórico Júnior Mano, de vice-prefeito a deputado, pré-candidato a senador e alvo da PF
Quando Júnior Mano foi apontado como potencial candidato ao Senado, as denúncias já eram conhecidas. Não soou oportuno. A oposição aproveitou e na base quase ninguém entendeu
Foto: Mario Agra / Câmara dos Deputados
JUNIOR Mano: ex-futuro senador?
O deputado federal Júnior Mano (PSB) teve mandados cumpridos contra ele nesta terça-feira, 8, mas a existência de suspeitas já circulavam desde o fim do ano passado. Obviamente, não é justo antecipar condenação, mas as suspeitas são muito graves. Envolvem uso de dinheiro público, fraudes em licitações de prefeituras, compra de apoio e tentativa de manipular os resultados eleitorais. O suposto esquema se retroalimentaria. Cometeria irregularidades para conquistar poder e abriria assim caminho para tirar mais proveito da máquina pública.
Trata-se de parlamentar discreto. Não é de fazer muitos discursos, não está envolvido nas grandes articulações do Congresso Nacional nem é um fenômeno de redes sociais. Mesmo entre quem acompanha política no Ceará e não tem relação com as bases dele, há quem só tenha ouvido o nome recentemente — pelas investigações e cogitações de que pode concorrer a senador.
Agora, entre prefeituras, ele se movimenta como poucos e tem aliados diversos. E usa as emendas parlamentares como instrumento — se dentro da lei ou não é o que a Polícia Federal investiga. A trajetória do deputado é veloz como poucas. Disputou o primeiro mandato há menos de dez anos. Em 2016, elegeu-se vice-prefeito de Nova Russas na chapa de Rafael Pedrosa, na época do PMN. Júnior Mano estava no então PMDB, atual MDB.
Em 2018, pelo pequeno Patriota, elegeu-se deputado federal. Foi fato notável, pois Nova Russas tem 30 mil habitantes. Municípios bem maiores não elegem nem deputado estadual, quanto mais federal. Foram determinantes para o sucesso da empreitada o cálculo eleitoral e o fato de estar em um partido pequeno, mas capaz de alcançar votação para eleger um parlamentar na Câmara dos Deputados.
Entre os 22 da bancada naquele ano, ele foi o vigésimo. Teve 67.917 votos. Embora tenha sido o antepenúltimo a entrar, ali já evidenciava ter eleitores muito além do município natal. Essa influência só fez crescer.
Ainda no começo de mandato, em 2019, ele se filiou ao PL, que na época ainda era PR. Não era ainda o partido de Jair Bolsonaro, filiado apenas em 2021. O partido era aliado dos governistas cearenses e comandado por Acilon Gonçalves, na época prefeito de Eusébio.
Em 2020, Rafael Pedrosa, o prefeito em cuja chapa o hoje deputado havia sido vice, desistiu de buscar a reeleição. Os dois estavam estremecidos politicamente, mas o então gestor decidiu apoiar a hoje prefeita Giordanna Mano, casada com o deputado federal. O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE) chegou a cassá-la por acusação de abuso de poder e compra de voto e tornou o parlamentar inelegível. Mas houve recursos, ele foi reeleito no mesmo ano e ela em 2024. Na ocasião, Giordanna teve 83,5% dos votos.
Não é fácil se destacar na Câmara dos Deputados. São 513 parlamentares apenas alguns poucos conseguem visibilidade. Júnior Mano não é um deles. Mesmo assim, em 2022 já era uma potência nas urnas. Não mais o antepenúltimo, mas o segundo mais votado, com 216.531 votos. Mais que triplicou em relação a 2018.
Efeitos políticos
O inquérito está em curso, durante o qual o parlamentar poderá se defender. Todos são inocentes até que se prove o contrário. Porém, a política é cruel e há efeitos consumados apenas na operação. O movimento da PF já é uma arma contra ele. No momento em que projeta voos muito elevados.
O senador Cid Gomes (PSB) sinalizou apoiá-lo a senador. Isso foi em fevereiro, quando as denúncias já eram conhecidas. Não soou oportuno. A oposição aproveitou e na base quase ninguém entendeu.
Numa briga tão intensa pelas duas candidaturas governistas ao Senado, hoje parece improvável bancar o deputado como candidato. Os caciques palacianos ganham argumentos para se opor a iniciativa. Os demais pretendentes às cadeiras se municiam de argumentos.
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