Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Aliás, alguns aliados perceberam que o clã Bolsonaro cruzou o Rubicão. Foi para o "tudo ou nada" sem margem para recuo. Isso numa jogada de extremo risco. A chance de irem para o buraco é grande. Muita gente que não precisava arriscar tanto será arrastada junto
Foto: Paola de Orte/Agência Brasil
EDUARDO Bolsonaro com o boné da campanha de reeleição de Trump
Mesmo com um presidente tão heterodoxo quanto Donald Trump, os Estados Unidos não taxariam o Brasil da maneira como o fizeram se os interesses deles não estivessem em jogo em questões como Brics, dólar e big techs. Porém, existe uma articulação de meses e meses empreendida pelo bolsonarismo para atingir as autoridades do Estado brasileiro. O foco prioritário, de forma absoluta, é Alexandre de Moraes, mas o governo Lula vem num distante segundo lugar. Evidente que não é possível atingi-los — principalmente o Governo Federal — sem colocar o Brasil como alvo.
O deputado estadual licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está há meses nos Estados Unidos onde conversa com parlamentares, agentes governamentais e outros atores políticos num lobby contra o próprio país. Não me ocorre algum personagem histórico sórdido, tão vil, tão desprezível contra a nação da qual recebeu um mandato para representar o povo. O filho de Bolsonaro deveria ser cassado. O que ele fez é motivo para nunca mais ter permissão para pôr os pés no Brasil sem ir para a cadeia.
O que ele tem feito explícita e desavergonhadamente tem nome. Chama-se conspiração. A vítima é o próprio País.
Chantagem abjeta
Por que Eduardo colocou o País na linha de tiro? Por alguma razão de natureza pública? Coisa nenhuma. Ele atende aos interesses da própria família. Do pai, dos aliados e agora dele próprio. Se vai causar um estrago de grandes proporções na economia nacional ele simplesmente não liga.
O Zero Três, assim como fizera antes o pai, Zero Zero Bolsonaro, diz que só haverá possibilidade de negociação se for aprovada anistia aos agressores de 8 de janeiro de 2023 — e colocando o ex-presidente no balaio.
Eduardo enfatizou a mensagem depois que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), reuniu-se com o encarregado de Negócios da embaixada dos Estados Unidos e pregou diálogo. O deputado autoexilado avisou que não quer nada de diálogo ou diplomacia. Cobra benefício objetivo aos réus e condenados; se não, nada feito. A postura também tem nome: chantagem.
Bolsonaro e filho não escondem nem disfarçam que agem como se fossem porta-vozes da Casa Branca. É ridículo, patético, absurdo e intolerável.
Tarcísio, em meio a declarações espúrias, está sob enorme pressão para atender às necessidades do estado que governa. Eduardo age como quem não se importa em implodir politicamente o mais promissor aliado. À família só importa ela própria. Tudo mais é acessório.
Aliás, alguns aliados perceberam que o clã Bolsonaro cruzou o Rubicão. Foi para o “tudo ou nada” sem margem para recuo. Isso numa jogada de extremo risco. A chance de irem para o buraco é grande. Muita gente que não precisava arriscar tanto será arrastada junto.
Invertebrados e servis
O discurso quase desesperado dos que dizem que o Brasil precisa atender a quaisquer condições ou exigências é não apenas fantasioso. Com todo respeito — aliás, sem respeito algum por quem se porta assim — é coisa de lambe-botas, de bajulador, de subserviente, de sabujo. Coisa de invertebrado — com o perdão de ofender as minhocas, a anêmonas e afins.
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