Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Alan Santos / PR
JAIR Bolsonaro com Donald Trump, em 2020
As medidas decretadas por Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro (PL) são implacáveis, certamente. Respeitáveis juristas consideram haver exagero, mas muitos concordam que as cautelares foram a maneira encontrada para não haver a prisão do ex-presidente, com a comoção que causaria.
O senador Sergio Moro (União Brasil), responsável, na época como juiz, pela condenação que acabaria levando Lula à prisão, enfatizou que não determinou restrições semelhantes contra o novamente presidente. Porém, tampouco houve ações de Estados estrangeiros contra o Brasil por articulação petista.
As medidas são extremas e acho difícil dizer se eram necessárias. O que me parece evidente é que não há dúvidas sobre uma movimentação internacional bastante explícita para atentar contra a economia brasileira, com o argumento de pressionar o Judiciário a inocentar um réu. Isso é também gravíssimo e alguns tratam como banalidade. Os simpatizantes falam como se nem crime fosse. É um descalabro e exigiria ação de fato contundente.
Importante notar, para alguém que é réu e alvo de medidas cautelares, o quanto há de contradições e idas e vindas no discurso dos Bolsonaro.
Em nota publicada em 13 de julho, o ex-presidente disse: “O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”. Na mesma carta, ele dizia: “(...) tem muito mais, ou quase tudo, a ver com valores e liberdade, do que com economia”.
No fim da mesma semana, porém, Bolsonaro foi alvo de ação da Polícia Federal. De tornozeleira eletrônica, ele já mudou a conversa: “O que incomodou o governo americano, e muito, foi, por ocasião do Brics, o Lula falar em um novo padrão monetário, quer o dólar fora das negociações do Brics, entre outras coisas que ele fez”.
Ah, é? Agora já é a economia? Dá para acreditar em Jair Bolsonaro? Qual Jair Bolsonaro? O que falou no começo da semana ou o que disse coisa completamente diferente no fim da mesma semana? E tem mais: então, ele estava usando uma situação para se favorecer no processo judicial, acenando com um acordo com os Estados Unidos em troca da anistia, mas sem isso estar acertado com o governo Trump? Muito bonito para a cara dele.
Mas a coisa ficou melhor. Na segunda-feira desta semana, 21, ele disse em entrevista: “Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira”. Ora, se foi mentira, ele e o filho participaram. Olha só as redes sociais de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), as antecipações e comemorações.
Ocorre que, na própria segunda-feira, Eduardo participou de um podcast chamado Inteligência Limitada e, ao lado do influenciador Paulo Figueiredo, disse que o governo Trump informou antecipadamente a eles sobre as taxas que seriam impostas ao Brasil. Eles disseram que, no primeiro momento, achavam que apenas Alexandre de Moraes deveria ser o alvo, mas agora concordam integralmente com a tributação contra o País.
Ora, então parece que a comunicação entre pai e filho, impedida pelo STF, já não andava bem. O ex-presidente disse que a taxa não tinha a ver “com a gente”. E o filho falou que já sabia antecipadamente de informação tão delicada.
As movimentações dos Bolsonaro depois das denúncias em investigação são bastante sérias. As consequências atingem o Brasil todo. As manifestações públicas são contraditórias e causam confusão. Quão duro é necessário ser para lidar com isso?
Quem ganhou?
Vale lembrar que, também na conturbada segunda-feira, Moraes determinou abertura de investigação sobre operações de compra e venda de dólar no dia em que foi anunciado o aumento de tarifa. Os dois países perdem, mas houve gente que ganhou bilhões.
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