Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Christopher Furlong / POOL / AFP
DONALD Trump não abriu espaço para entendimento com o Brasil
O governo Lula até demorou a apresentar o pacote de ações em resposta às tarifas sobre exportações aplicadas pelos Estados Unidos. Seria relevante, como mensagem, apresentar medidas contundentes e de forma imediata, até como afirmação de que não irá se curvar. Foi, a propósito, o que fez o governador Elmano de Freitas (PT), com anúncio assim que as alíquotas entraram em vigor. Naturalmente, no plano federal há muita gente a ser escutada e diferentes aspectos a considerar. A complexidade é muito maior. Por mais que haja ganhos políticos de curto prazo para o presidente, a situação de longo prazo é preocupante. Como o País pode sair dessa? A essa altura, o que seria uma vitória?
Estados Unidos sairá ganhando
Um aspecto a considerar é que a disputa não é equilibrada. Ao contrário, é tremendamente desigual. Por mais que a balança comercial seja favorável aos Estados Unidos, o Brasil tem muito mais a perder. Os tamanhos das economias são drasticamente desiguais. Interessa ao País abrir negociações. E, ninguém se iluda sobre arroubos nacionalistas, o entendimento só será possível se eles ganharem alguma coisa. É assim a relação entre potências e outras nações. Se essa questão se arrastar por anos, os brasileiros sentirão muito mais.
Naturalmente, qualquer composição de natureza política é inaceitável. Sobre decisões judiciais, nem possível é, muito menos legítimo.
Agora, não sei se vantagens comerciais, exploração de terras raras ou outra coisa mais, em algo o Brasil irá perder para ter a perspectiva de acordo.
Mesmo que haja muita gente que defenda não ceder um milímetro — para não dar gosto ao cão, como se diz — mesmo que com prejuízo maior. Não é a atitude mais racional e ajuizada.
Efeito para Lula
O Estado brasileiro deve manter altivez e não pode aceitar ingerência ou chantagem. No plano comercial, é normal haver tratativas. O presidente Lula teve proveito político no primeiro momento, mas o efeito no médio prazo é duvidoso.
Produtos podem até ficar mais baratos no mercado interno, porque exportadores irão buscar reduzir prejuízo vendendo no País mesmo. Porém, tendem a readequar a produção, o que significará cortar empregos, movimentar menos dinheiro e reduzir a arrecadação dos governos. O efeito para economia pode determinar qual será o impacto futuro para o presidente.
Resiliência
Esse tipo de boicote econômico irá impor sacrifícios. Importante saber que o Brasil não é a Rússia, que enfrenta enormes sanções em meio à guerra com a Ucrânia. Os russos suportaram invasões de Napoleão e Hitler, além da Guerra Fria. O brasileiro não está acostumado a esse tipo de privação. O fato de o País estar politicamente fragmentado torna tudo mais complicado. É mais fácil atravessar situações como essas em regimes autoritários, como o russo ou o cubano.
Bom não esquecer que até agora se viu a ação pública da Cara Branca. Mas, a história mostra, o enfrentamento de Washington a adversários inclui arsenal de espionagem, uso de plataformas digitais e outros. Lula pode ter dificuldades nas eleições de 2026.
O caminho possível
O governo Lula deve manter a serenidade e não cair em iscas. A taxação podia ter sido mais grave, vide as exceções. O que significa que há margem para piorar.
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