Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Aurelio Alves
SENADORES Cid Gomes e Eduardo Girão são titulares da CPMI do INSS
A base do governo sofreu uma derrota nessa quarta-feira, 20, cujos efeitos serão percebidos ao longo dos próximos meses. A oposição surpreendeu ao assegurar o comando da CPMI do INSS e poderá usar o espaço para fazer muito barulho. O senador Omar Aziz (PSD-AM) era dado como praticamente certo para presidir a comissão, resultado de acordo entre os presidentes do Senado e da Câmara com o Palácio do Planalto. Foram todos derrotados pela articulação que elegeu o senador Carlos Viana (Podemos-MG). Ele indicou o bolsonarista Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) para relator. Gaspar já havia feito anteriormente manifestações prévias responsabilizando o governo pelos descontos indevidos. A movimentação envolveu a retirada da possível candidatura do senador cearense Eduardo Girão (Novo), que costuma marcar posição nessas situações. Ele era considerado como mais conservador e radical que Viana. A oposição garantiu um palanque e tanto para desgastar o presidente Lula ao longo dos próximos meses.
No mesmo dia, a Comissão de Constituição e Justiça do Senado impôs outra derrota à base de Lula, ao incluir no projeto de Código Eleitoral a previsão de voto impresso.
As recentes semanas tomadas pelo tarifaço de Donald Trump contra o Brasil e pelo levante bolsonarista nas mesas diretoras do Congresso Nacional quase fizeram esquecer como a articulação política do Planalto é atrapalhada e perdida.
E a oposição mostra que, quando resolve fazer política e não conspiração e tumulto, é capaz de impor as maiores dificuldades ao Planalto.
Rumo da CPMI
Os oposicionistas afirmam que o comando é “independente”. Não propriamente. Argumentam que, sem controle do Planalto, não haverá blindagem à administração federal ou a entidades. De fato, havia um risco de se proteger alguns. Uma comissão que não seja controlada pelo governo, na teoria, é o ideal. Desde que não seja instrumento para perseguir alguns, muito menos proteger outros. As fraudes começaram quando o presidente era Michel Temer (MDB) e prosseguiram com Bolsonaro. Com Aziz, a proteção ao Poder Executivo era uma possibilidade. A conferir se, com Viana e Gaspar, a protegida não será a gestão Jair Bolsonaro (PL).
Os cearenses na CPMI
Os três senadores cearenses em exercício estão na CPMI. Cid Gomes (PSB) e Eduardo Girão são titulares e Augusta Brito (PT), suplente. Um titular é aliado de Lula, outro bastante contrário. O bloco oposicionista pode ter se dado melhor. Cid, na CPI do 8 de janeiro, foi vice-presidente, mas não foi muito assíduo nem demonstrou muito empenho ou dedicação. Quanto a Girão, pode-se não gostar dele, mas é inegável que esforçado ele é.
Ciro Gomes e o jantar
Segundo se comenta nos bastidores de Brasília, a reviravolta na eleição do comando da CPMI foi o primeiro produto da superfederação União Brasil/PP. A eleição de Viana teria começado a se viabilizar no jantar que sucedeu a convenção, na noite de terça-feira, 19, em Brasília. Estavam lá vários governadores, inclusive Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo. Também estava lá Ciro Gomes (PDT).
É curioso, porque, na ocasião, nasceu a articulação cujo principal alvo é um — ao menos até agora — aliado e amigo de Ciro: o ex-ministro Carlos Lupi, presidente do PDT, partido do qual o ex-governador cearense está de saída.
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