A consagração da democracia e o motivo para condenar golpistas
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
JAIR Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão
O dia 11 de setembro é histórico por vários motivos. Para o Chile, para os Estados Unidos e agora para o Brasil também. A condenação de um ex-presidente, qualquer um, é sempre um trauma. Um trauma que tem virado rotina. Ainda mais quando é alguém que segue com muitos apoiadores e representa enorme parcela da população. Jair Bolsonaro (PL) é um dos líderes mais importantes do Brasil. O desejável é que questões da política sejam resolvidas na política. Mas as questões criminais cabem aos tribunais. Não é por ser popular que alguém pode escapar do julgamento do Poder Judiciário.
É triste também a condenação de três generais e um almirante. Isso nem de longe é rotina. Há ainda um deputado federal e um ex-ministro entre os sentenciados.
Os apoiadores do ex-presidente lamentam e prometem as mais diversas reações à decisão — legítimas e ilegítimas. Já os opositores do ex-presidente fazem festa. As sentenças, porém, não são e não podem ser tratadas como vingança ou revanche.
A punição a Bolsonaro e os demais membros da organização criminosa — assim decidiu o Supremo — ocorreu porque houve um atentado à democracia brasileira. Isso é muito maior que Bolsonaro, Donald Trump, que Lula ou qualquer miudeza.
O julgamento não é apenas sobre o agora. É um encontro do Brasil com o passado, o presente e o futuro, como definiu a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF). A punição é pedagógica pelo que fizeram os réus. Mas é a demarcação em relação ao que o País não fez antes, em momento algum. Uma história que explica a fragilidade, ainda, da democracia brasileira e as várias interrupções que ela sofreu.
O 11 de setembro de 2025 no Brasil é uma homenagem e uma mensagem ao amanhã. Uma carta de compromisso com o Estado de direito e com a estabilidade institucional.
O País completará no próximo mês 36 anos desde a Constituição de 1988 e vive hoje o momento de maior amadurecimento democrático na história. O que não significa, longe disso, ausência de tensões e provações. Fosse em outra época, é possível que o golpe tivesse obtido sucesso.
O julgamento da ação penal 2668 consagra um Brasil que traçou uma linha divisória em sua história. Obter ou manter o poder pela força não é mais uma alternativa.
Trump tem razão
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demonstrou contrariedade com o julgamento do aliado Bolsonaro. A Casa Branca emite sinais de que pode impor novas sanções. Visa beneficiar um aliado. Um momento vergonhoso nos dois séculos de relações diplomáticas entre os dois países.
Para além do favor a um aliado e das afinidades ideológicas, O presidente americano tem razões simbólicas para se contrapor à condenação do ex-presidente brasileiro. Ele explicou: “É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram”.
Trump tem razão. Ele tentou, nos Estados Unidos, fazer o mesmo que o ex-presidente brasileiro. Contestou o resultado, não reconheceu a derrota para Joe Biden em 2020 e,ao retornar ao poder, concedeu perdão a milhares de responsáveis pela depredação do Capitólio em 6 de janeiro de 2021. O bolsonarismo é uma caricatura do trumpismo.
O julgamento é uma mensagem também contra o presidente dos Estados Unidos. Por isso o assunto significa tanto para ele. A maior diferença é que lá ele ficou impune.
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