Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: FÁBIO LIMA
FAROL do Mucuripe, o Farol Velho, é um dos mais poderosos símbolos de Fortaleza
Entre tantas notícias ruins, a reabertura do Farol Velho é um alento para a memória e a identidade de Fortaleza. Trata-se de uma das referências simbólicas mais relevantes para a Capital. É uma vergonha para cada agente público que um espaço tão importante tenha sido relegado a tal abandono. Depois de tanto tempo, é muito bom ver recuperado aquele ícone do Mucuripe.
Mas é uma pena que as pessoas precisem pensar muitas vezes antes de frequentá-lo. É outro vexame para as seguidas administrações que seja tão perigoso ir até lá. Ainda mais com recentes crises de facções criminosas. O correto, o necessário, seria que todo mundo pudesse circular livremente em qualquer lugar. Mas ainda mais nas proximidades de um espaço emblemático da cidade, as autoridades deveriam redobrar esforços para garantir o acesso seguro.
Os mais destacados destinos turísticos do mundo não vivem apenas de praia. É um problema a quantidade de visitantes que não passam pela Praça do Ferreira. Ao Museu do Ceará e, até agora, ao Farol Velho não dava mesmo para ir. A valorização desses espaços envolve cultura, história, mas também é economia. A única linguagem que muitos valorizam.
Por aqui, infelizmente, se for levar as seções para áreas livres da influência de organizações criminosas, não sei quais endereços sobrariam.
Diferenças
Importante considerar que a forma de dominação territorial que existe no Rio, influenciada pela geografia dos morros, é diferente do controle territorial que existe no Ceará. Como as forças de segurança gostam de repetir por aqui, não há locais em que a Polícia não consegue entrar. O problema é que, quando ela sai, ficam os moradores. Os criminosos também.
Ciência, política, poder e sonho que fazem uma universidade
O escritor Lira Neto lança nesta terça-feira UFC: biografia de uma universidade, livro que conta a história da Universidade Federal do Ceará de uma perspectiva bastante original. Não é um relatório de realizações, um registro acadêmico ou institucional. É uma narrativa vibrante, ágil, na qual emergem grandes personagens dessa história. E na qual uma certa mitologia em torno da universidade é apresentada de outra perspectiva. É uma obra fortemente política — pois jogos de poder são fundamentais na construção de uma instituição de educação superior. Desde a articulação que se tornou pluripartidária para viabilizar a implantação — inclusive o arcebispo dom Lustosa se envolveu — até os interesses dentro e fora do meio acadêmico que criaram obstáculos.
A tramitação atrasou porque um governador queria fazer do filho reitor. Quando um deputado federal recebeu a promessa do presidente da República de ser escolhido para o mesmo cargo, a bancada aliada também tratou de postergar as deliberações para esperar o fim do mandato. O livro mostra ainda as pressões, os interesses de sucessivos governadores nas indicações para posições de comando da UFC. Expõe também, por outro lado, as contribuições científicas de figuras que convergiram e ajudaram a mudar o Ceará. E trata a universidade como sujeito coletivo, na qual sobressaem os estudantes como razão de existir e força transformadora.
A biografia, salienta Lira Neto, mergulha em luzes e sombras. Não evita polêmicas, longe disso. As intrigas de gabinete, os conflitos, as denúncias de corrupção. Os informantes infiltrados da época da ditadura, as grandes manifestações, a violência da repressão. Mesmo o assassinato ocorrido durante um vestibular é abordado.
O lançamento será nesta terça-feira, 7, às 17 horas, no auditório da Reitoria. O livro será distribuído gratuitamente.
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