Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
MINISTRO da Fazenda, Fernando Haddad busca alternativas
O governo Lula vem numa maré muito favorável. Pesquisas mostram recuperação da popularidade, Jair Bolsonaro (PL) está preso, e foram abertos canais diplomáticos com a administração Donald Trump. A oposição está atarantada e faz vários movimentos que favorecem a gestão petista. As recentes manifestações do campo conservador foram esvaziadas. Os atos de rua mais significativos em tempos recentes foram contra a PEC da blindagem, com a simpatia de grande parte da esquerda. Está quase tudo dando certo, mas, quando depende da própria articulação política, o Palácio do Planalto se enrola. Na noite de quarta-feira, 9, não houve uma derrota qualquer. Foi uma sapatada.
A medida provisória 1303, que muda a tributação de aplicações financeiras e ativos virtuais, era considerada fundamental para fechar as contas. Perdeu a validade porque não houve votos nem mesmo para que ela fosse colocada em pauta. O prazo limite era a quarta-feira.
O placar foi de 251 contra e 193 a favor do Planalto. Em uma votação crucial, entre 513 deputados, o governo teve o apoio de 193. Isso depois de uma operação na qual três ministros do centrão foram exonerados para dar um punhado de apoio a mais. Dois deles não chegaram a tempo de participar da deliberação.
Apenas Celso Sabino (União Brasil-PA), do Turismo, conseguiu registrar voto. André Fufuca (Progressistas-MA), do Esporte, e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), de Portos e Aeroportos, não reassumiram a tempo. O suplente de Costa, Osessio Silva (Republicanos-PE), também não votou. O de Fufuca, Allan Garcês (Progressistas-MA) ficou contra a proposta.
Os líderes aliados até ameaçaram bloquear dinheiro das emendas, mas não adiantou. A rigor, só podem ser retidas as emendas coletivas. As individuais, que mais interessam a cada um, podem ser adiadas, mas precisam ser pagas em algum momento.
A derrota estava desenhada desde a véspera. Tentou-se ainda as últimas armas, mas o resultado foi ainda pior do que se projetava. Se estava evidente que o resultado seria aquele, poderia ao menos se evitar exonerar ministros e partir para ameaças. Não ficaria tão feio e a impressão de fraqueza seria um pouco menor.
A oposição não precisou nem de uma grande articulação. Tanto que o principal representante do bolsonarismo na Casa, Nikolas Ferreira (PL-MG) — que alguns tratam como a grande mente formuladora desse campo, pense aí — atrapalhou-se e simplesmente votou errado.
Nos últimos meses, quem mais ajudou Lula foi a oposição. Mas foi da articulação política e da base do próprio Planalto que vieram os maiores percalços.
O peso político de quem anda de moto
O prefeito Evandro Leitão (PT) anunciou a primeira das promessas de campanha direcionadas a motociclistas. Uma das mais simples e de maior impacto no dia a dia: a criação de faixas para motos em algumas vias. Está também em discussão a isenção do Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores (IPVA) para esse tipo de veículo, conforme disse no podcast Jogo Político o líder do prefeito na Câmara, vereador Bruno Mesquita (PSD).
Os motociclistas foram alguns dos apoios mais disputados na eleição do ano passado. André Fernandes (PL), derrotado por pequena margem no segundo turno, prometia não multar quem andasse com viseira do capacete levantada, apesar do que determina lei federal.
As faixas para motos têm tido resultados considerados positivos em alguns lugares. Vale o teste. Eles são a maioria dos veículos nas ruas. São também um problema de mobilidade. Estão envolvidos em enorme quantidade de acidentes, com mortes ou lesões que os deixam incapacitados por meses. A situação envolve aspectos humanos, de saúde coletiva e de economia — a pública e a das famílias.
As faixas não resolverão o trânsito sozinhas, mas podem ser parte de um novo desenho urbano adequado à configuração dos modais de Fortaleza. A rigor, os motociclistas já criam mesmo faixas informais nas vias.
Ideal, mesmo, seria caminhar na direção de mais e mais uso do transporte coletivo, mas Fortaleza vai em direção contrária. Uma questão que precisa ser enfrentada.
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