Sarto irá se filiar a partido do qual já foi "convidado a sair"
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
O ex-prefeito de Fortaleza José Sarto deixou o PDT e anunciou que se filiará ao PSDB. Acompanhará Ciro Gomes, que retorna ao partido em evento nesta quarta-feira, 22. Sarto também já pertenceu ao PSDB. Ele foi eleito para o primeiro mandato em 1988, como vereador em Fortaleza, pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Ingressou no PSDB junto de Ciro, no começo da década de 1990. Entretanto, foi "convidado a sair" do partido.
Uma crise envolvendo projeto do então prefeito Juraci Magalhães (à época no PMDB) levou à deliberação pela expulsão de sete dos nove vereadores tucanos em Fortaleza. O partido era oposição e orientou voto contra. Oito parlamentares da bancada, entretanto, apoiaram mesmo assim. Sete deixaram a legenda.
Sarto foi um dos oito vereadores do PSDB que votaram contra a posição do partido e a favor de um projeto de emenda à Lei Orgânica do Município para a concessão de 30 mil bolsas de estudo em escolas particulares para estudantes de bairros sem escolas públicas. A oposição, na qual estava o PSDB, acusava a proposta de clientelista e eleitoreira e queria alguma forma de seleção para definir os estudantes que receberiam as bolsas.
Foto: Acervo O POVO
Em 27 de dezembro, O POVO noticiou a rejeição da emenda e os votos dos parlamentares
A polêmica entrou pelo Natal de 1991. Em 26 de dezembro, a emenda foi rejeitada. Precisava de 28 votos, mas obteve 25, com 12 contrários.
O presidente da Câmara era José Maria Couto (PFL), pai do atual presidente Leo Couto (PSB). Na época, ele foi a favor da medida, depois disse que votaria contra, mas acabou sendo a favor mesmo. O presidente do PSDB cearense era o à época senador Beni Veras, que viria a ser ministro do Planejamento no fim do governo Itamar Franco e também vice-governador. Quando Tasso Jereissati renunciou para concorrer ao Senado, Beni se tornou governador do Ceará, em 2002.
"Se eles não seguirem a nossa orientação, não serão mais bancada do PSDB", avisou Beni às vésperas da votação.
Foto: Acervo O POVO
Em 28 de dezembro, foi noticiado o "convite aos vereadores" para saírem do PSDB. Sarto entre eles
Na tentativa de garantir os votos, Couto chegou a adiar sucessivamente a deliberação. Houve protestos e ocupação do plenário por sindicalistas. A Câmara pediu à tropa de choque da Polícia Militar que promovesse a desocupação, mas não foi atendida, o que levou a base governista a insinuar que teria havido interesse político do então governador — a propósito, Ciro Gomes.
No fim, a emenda não passou. Dois dias depois, em 28 de dezembro, Beni disse que os parlamentares estavam convidados a sair. Em 2 de janeiro de 1992, a executiva regional decidiu pela expulsão e encaminhou para que as instâncias partidárias dessem encaminhamento.
“Ficam, portanto, advertidos os vereadores mencionados que esse comportamento é incompatível com os princípios partidários da social-democracia e que deverão buscar abrigo em legenda que responda melhor aos seus interesses fisiológicos, eleitoreiros e clientelistas”, disse a dura nota.
Os oito vereadores eram:
Francisco Matias
Idalmir Feitosa
José Carlos
José Olavo
José Sarto
Maurílio Assêncio
Pedro Ribeiro
Solinésio Alencar
Foto: Acervo O POVO
Em 3 de janeiro de 1992, O POVO noticiou a decisão da executiva pela expulsão e publicou a nota do partido
Idalmir, entretanto, acabou não sendo expulso e seguiu no PSDB, pelo qual foi reeleito naquele ano. Sarto, por sua vez, migrou para o PMDB, de Juraci. Reencontrou-se com Ciro em 1999, quando se filiou ao PPS. Desde então, segue no mesmo partido do aliado e líder político.
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