Ciro e as divergências com o bolsonarismo e Capitão Wagner
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: FÁBIO LIMA
CIRO Gomes, Tasso Jereissati e André Fernandes
A filiação de Ciro Gomes ao PSDB foi marcada pela nostalgia, com tom de emoção pelo reencontro com Tasso Jereissati destacada em vários dos discursos. Vê-los no mesmo partido após 28 anos remete obviamente à história, já nem tão recente, do Ceará. Os próprios Ciro e Tasso, porém, evitaram o saudosismo. Buscaram falar da construção em curso na oposição. O discurso do ex-ministro teve temperatura mais amena que a demonstrada em outros momentos-chave. Esta quarta-feira não foi o desfecho, mas o início de um processo. Destaco três pontos principais da fala.
Um é previsível e vem sendo feito há algum tempo: as críticas ao PT e ao Governo do Ceará. Incluiu também o principal aliado do governador, o PSB. A propósito, o partido do irmão dele, o senador Cid Gomes.
Outra parte era a que envolvia maior expectativa: sinalizações sobre uma possível candidatura a governador. Ele não falou com todas as letras, mas deu vários indicativos de que será, sim, candidato.
A parte mais interessante politicamente foi a forma como Ciro, e Tasso também, abordaram a construção de uma aliança com pessoas com quem têm divergências que não são poucas. Notadamente o bolsonarismo.
O desafio do entendimento
O principal símbolo disso é André Fernandes (PL). Já na chegada, ele comentou: “Não tenho dúvida de que não só eu, mas a maioria dos integrantes do PL tem sim algumas, algumas divergências com Ciro Gomes”. Porém, ele afirmou ser necessário considerar o cenário atual. “A gente precisa entender o momento. Hoje a gente está convergindo muito mais do que tendo divergência”. Ele enviou recado à militância: “É bom que estejamos preparados para essas movimentações político-partidárias”.
Ao se referir ao deputado, Tasso brincou: “Aqui e ali nós temos as nossas divergências. Ainda bem que ele não se zanga comigo quando a gente tem divergência”.
Ciro se aprofundou na questão. “Nós não devemos ter medo de afirmar, com honestidade e humildade a todo o povo do Ceará, que nós temos diferenças". Disse que, no ambiente polarizado nacional, "mais violentas ainda ficam as contradições". Sobre André Fernandes, falou: "Do Ceará para frente é quase tudo afinidade e algumas desavenças que nós vamos amadurecer fraternalmente".
Reconheceu que houve "embates quentes, calorosos". "Alguns eu estava errado. O que me custa ter humildade para mostrar isso? E outros eu aprendi pelo amadurecimento que eu estou testemunhando". Citou então de Capitão Wagner (União Brasil).
O ex-ministro lembrou as alianças do PT com José Alencar, do próprio PL. Também com Michel Temer (MDB) e agora com Geraldo Alckmin. "Assim que será enfrentada essa contradição", sintetizou, sem explicar exatamente como.
André teve de ouvir
André Fernandes foi bastante paparicado, mas teve de ouvir coisas de que talvez não tenha gostado. Como quando Tasso disse que Fernando Henrique foi o único presidente de tempos recentes a passar a faixa, sorridente, a um adversário. Acrescentou que também não teve “problema de prisão” — tópico particularmente sensível para Jair Bolsonaro (PL), em prisão domiciliar.
Ao criticar o valor em emendas gasto no governo Lula, ele lembrou que “esculhambava” quando Bolsonaro aplicava valores menores que os atuais.
E bateu ainda mais duro em “certa incompetência de uma certa oposição” que “apoiou uma agressão estrangeira, como foi feita pelos Estados Unidos contra a economia brasileira”. A “certa oposição”, liderada por Eduardo Bolsonaro (PL), estava ali do lado de Ciro.
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