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Ciro Gomes pode não ser candidato a governador?
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Ciro Gomes pode não ser candidato a governador?

Caso Ciro chegue lá na frente e resolva não concorrer, será uma frustração tremenda para o bloco de oposição ter como candidato Roberto Cláudio. Não por causa do ex-prefeito, mas pelas expectativas ctiadas e a maneira como o assunto foi conduzido
Tipo Opinião
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CIRO Gomes discursa com Caiado, ACM Neto, Rueda e RC  (Foto: João Paulo Biage)
Foto: João Paulo Biage CIRO Gomes discursa com Caiado, ACM Neto, Rueda e RC

Para responder sem enrolação à pergunta do título: pode. Ele mesmo evita se colocar como pré-candidato. Afirma que prefere Roberto Cláudio, que se filiou nesta quarta-feira, 5, ao União Brasil. Chegou a se colocar como possível secretário da Segurança Pública em um governo do aliado. Repete que, por vontade dele, Ciro Gomes (PSDB), não quer mais ser candidato a nada. Ao mesmo tempo, diz que cumprirá a obrigação e se coloca como “soldado do partido”. No caso, o PSDB.

Assim, é pouco provável que Ciro não seja candidato a governador do Ceará. Todas as principais forças da oposição querem que ele venha a ser. Até quem não gosta dele, ou não gostava. Ele confere à oposição algo muito raro no Ceará para quem não está no poder: chance de vencer. Pesquisas mostram a diferença de competitividade entre ele e as demais opções da oposição.

Os políticos defendem o que pensam, seus campos políticos, mas no fim das contas gostam muito é de ganhar eleição. Ciro e Roberto Cláudio, desde que começaram a disputar mandatos, estiveram em 2022 pela primeira vez do lado derrotado numa eleição para o Governo do Ceará. A experiência deixou traumas.

Capitão Wagner, que recebe o ex-adversário Roberto no União Brasil, já passou por algumas derrotas em nível estadual. André Fernandes (PL), oposicionista mais em alta no Estado, também já perdeu algumas. Mais que qualquer coisa, eles agora querem vencer. Daí a aposta alta em Ciro.

Quando Roberto Cláudio anunciou que se filiaria ao União Brasil, no começo de junho, ele era a aposta principal para a candidatura a governador. Na semana anterior, ele se encontrara com Jair Bolsonaro (PL) logo depois de Ciro dar declaração — que ainda repete — sobre não ter intenção de disputar. Na oficialização da filiação, nesta quarta, o tom foi diferente. Embora tenha sido afirmado que RC será candidato ao que quiser, não foi a filiação de quem desponta como candidato a governador.

Ao afirmar que será “soldado do partido”, Ciro indica que o desejo pessoal dele não será preponderante. Hoje, a vontade do próprio ex-governador parece ser o único possível obstáculo à candidatura. Todo o entorno dele tem essa intenção.

Do contrário, caso Ciro chegue lá na frente e resolva não concorrer, será uma frustração tremenda para o bloco de oposição. Há cinco meses, havia movimentação para construir uma candidatura competitiva para Roberto. No cenário de hoje, será recebida como decepção e como menos competitiva. O próprio Ciro, ao escolher a festa de aniversário de RC para falar publicamente pela primeira vez sobre a possibilidade de concorrer, criou esse clima.

O fato externo

Além da vontade de Ciro — que ele sinaliza que não será preponderante — talvez o fator que pudesse fazer o ex-governador não disputar o Palácio da Abolição no próximo ano seria a aliança de oposição se romper. O PSDB sozinho não é competitivo e ele não disputaria sem condições mínimas. Nem Roberto Cláudio toparia, pelo que sinalizou no passado. Hoje, essa não parece uma ameaça no horizonte. PL, PSDB e a federação União Brasil/PP caminham para estar unidos. Apesar de esta última ter sido alvo de paquera do governo, as sinalizações no ato de filiação reforçam a postura de oposição. Embora as divisões internas estejam explícitas, com gente graúda dentro da federação declarando apoio a Elmano, a começar pelos deputados federais mais votados.

A maior ameaça à coalizão de oposição seriam mesmo eventuais divergências internas, que já se insinuaram em algum momento, principalmente em função do cenário nacional. Podem ressurgir a qualquer hora, mas os envolvidos parecem vacinados e precavidos.

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