Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista
Foto: FÁBIO LIMA
ANDRÉ Fernandes, Alcides Fernandes e Ciro Gomes
Parecia bem encaminhado o projeto de ter Ciro Gomes (PSDB) mais uma vez como candidato a governador do Ceará. Havia os mais empolgados já contando que ele está praticamente eleito contra Elmano de Freitas (PT). Mas Eduardo Girão (Novo) fez prestigiado lançamento de pré-candidatura, no domingo passado. Trouxe líderes nacionais e locais do PL. Com destaque para Michelle Bolsonaro. A ex-primeira-dama provocou reviravolta na tentativa de bloco de oposição cearense. A crise aberta tem alcance nacional.
André Fernandes (PL) — informou o correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage — anunciou que as negociações com o ex-governador cearense estão suspensas. Sem prazo para retomada. O que isso significa? Caso a decisão seja levada adiante, Ciro será candidato sem o PL? É pouco provável. Ele é dependente das alianças. Explico.
PSDB: muita história, pouca força
O primeiro fator a considerar é que Ciro nunca foi incisivo sobre ser candidato. Ele deu declarações evasivas: “Vou cumprir a minha obrigação”. Ao mesmo tempo, segurava ímpetos: “Não vão pensar que isso já é candidatura não”.
Concretamente, dizia, no dia da filiação ao PSDB: “Candidatura ou não é o tempo que vai dizer”. Ciro é experiente e sabe que há muito chão por percorrer.
O ex-ministro precisa de alianças grandes para ser candidato viável. Caso o PL, a federação União Brasil/PP e o PSDB estejam juntos, podem ter tempo de rádio e televisão maior que o do governismo. Porém, sozinho, o ex-gigante PSDB é um nanico. O tucano é refém do bolsonarismo, que conta com isso.
Aliança já balançou várias vezes
O projeto de candidatura de Ciro a governador passou a ser tratado no bloco de oposição em maio. Desde então, a possibilidade de apoio do PL já foi descartada algumas vezes. No fim daquele mesmo mês, o líder da oposição no Senado e secretário-geral do PL nacional, Rogério Marinho (RN), disse não haver possibilidade de apoio ao ex-governador. Mas as coisas evoluíram.
Em julho, André Fernandes não gostou de vídeo gravado pelo quatro vezes candidato a presidente, anunciou que o partido teria candidato próprio e descartou apoios. Depois, as conversas foram retomadas e avançaram.
Agora o buraco é mais em cima e a crise é mais séria. Mas o PL e o bolsonarismo não são conhecidos propriamente pela previsibilidade nem têm a estabilidade como maior atributo. Não deixam de, nisso, combinar com Ciro.
Assim, não acho impossível o PL em breve retomar os entendimentos com o PSDB. Mas não dá para descartar que o rompimento se sustente.
Quem sabe, as chances de retomada estejam condicionadas a um pedido de desculpas mais direto e a um aceno mais enfático ao bolsonarismo. Será que Ciro, como Flávio Bolsonaro sugeriu fazer pelo lado bolsonarista, irá “tapar o nariz” para se viabilizar?
Interferência nacional
A cúpula nacional do PL decidiu suspender as conversas. Isso atropela a condução local, feita por André Fernandes. No fim de maio, quando Jair Bolsonaro (PL) visitou o Estado, ele afirmou que o assunto seria tocado pelo comando no Ceará. Mas, parafraseando Cid Gomes, o Bolsonaro tá preso. E quem agora está à frente do grupo tem outros planos.
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