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O bolsonarismo e Ciro Gomes: pragmatismo x radicalismo
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

O bolsonarismo e Ciro Gomes: pragmatismo x radicalismo

Mesmo os mais ideológicos entre os líderes do conservadorismo local entendem que é bom defender aquilo em que se acredita com unhas e dentes. Mas melhor é vencer eleição. No Ceará, cansaram de perder
Tipo Opinião
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Ciro Gomes e André Fernandes, com Tasso e Renata ao fundo (Foto: FÁBIO LIMA)
Foto: FÁBIO LIMA Ciro Gomes e André Fernandes, com Tasso e Renata ao fundo

O bolsonarismo e Ciro Gomes (PSDB) têm quase nada em comum. Verdade que, no fim de 2017, ele apostava que o apoiador de Jair Bolsonaro (PL) queria na verdade votar nele, Ciro, mas ainda não tinha percebido. “O eleitor do Bolsonaro é meu. Eles não perceberam, mas eles estão procurando seriedade, autoridade. Eu sou isso, de verdade”, disse em entrevista ao programa Canal Livre, na TV Bandeirantes. Talvez não tivesse se dado conta de que o bolsonarista, aquele mais radical, é muito satisfeito com o próprio ex-presidente. Mas o mundo dá voltas e eis que o ex-ministro pode ter, de fato, aquele voto, agora para o Governo do Ceará. Essas eram as conversas em curso e agora suspensas.

Para além do que seria o desejo desse eleitor, há uma coisa que une, ou unia, Ciro ao bolsonarismo no Ceará: o objetivo de derrotar o PT. Em nome dessa tarefa, as diferenças são relevadas.

Mesmo os mais ideológicos entre os líderes do conservadorismo local entendem que é bom defender aquilo em que se acredita com unhas e dentes. Mas melhor é vencer eleição. No Ceará, cansaram de perder. Em Ciro, egresso do núcleo do governismo, encontraram a chance de vitória.

É uma postura pragmática. Ocorre que o bolsonarismo não é muito dado a pragmatismos. Esta última é uma prática da “velha política”. O ex-presidente chegou ao poder como protótipo da “nova política”, apesar das décadas de estrada na planície, na plenitude do baixo clero.

Principal figura do PL cearense, o deputado federal André Fernandes sabe bem dialogar com as alas mais extremistas dos apoiadores. Ao chegar ao ato de filiação de Ciro ao PSDB, em outubro, ele fez declarações direcionadas a esse segmento. “Não tenho dúvida de que não só eu, mas a maioria dos integrantes do PL tem sim algumas, algumas divergências com Ciro Gomes. Mas a gente precisa entender o momento. Hoje a gente está convergindo muito mais do que tendo divergência”.

Ele buscou deixar claro que a aliança ajudava no enfrentamento nacional contra Lula (PT). “A candidatura de Ciro Gomes ao Governo do Estado do Ceará, primeiro, ajuda nacionalmente, que isso fique registrado. Ele vem abrindo, eu posso dizer assim, uma guerra mostrando os desmandos e a corrupção do PT. O PT de Lula, o PT de Camilo, o PT de Elmano e também o PT de Evandro Leitão".

No recado mais direto aos radicais, avisou: “É bom que estejamos preparados para essas movimentações político-partidárias”.

Para a direita cearense, conquistar o Governo do Estado é o grande prêmio. Mas, para o bolsonarismo nacional, o significado é menor. A ofensiva de Michelle Bolsonaro não é tanto por ideologia, por radicalismo, tampouco defesa do marido. Envolve disputa pelo poder no grupo. Deflagrada nem bem Bolsonaro passou a cumprir pena, preso na Superintendência da Polícia Federal. A briga está em curso há água a rolar.

Momento de Elmano

A visita de Lula ao Ceará, nessa quarta-feira, 3, trouxe notícias economicamente de grande relevância para o governador Elmano de Freitas (PT). Ocorreu em momento particularmente positivo para ele — em meio a uma crise no bloco de oposição que ameaça inviabilizar aquele que pode ser o adversário mais competitivo em 2026.

O novo polo automotivo é um argumento contra o discurso de marasmo econômico feito pela oposição. A boa notícia é o fato de se tratar de veículos elétricos. Apesar do potencial de geração de empregos e do volume de dinheiro movimentado, a indústria automobilística pode ser bastante predatória, tanto pelo impacto ambiental quanto para a mobilidade urbana.

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