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Camilo na escala de "governadores de Paraíba"
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Escreve sobre política, seus bastidores e desdobramentos na vida do cidadão comum. Já foi repórter de Política, editor-adjunto da área, editor-executivo de Cotidiano, editor-executivo do O POVO Online e coordenador de conteúdo digital. Atualmente é editor-chefe de Política e colunista

Érico Firmo política

Camilo na escala de "governadores de Paraíba"

Tipo Opinião
 Bolsonaro tem nos governadores do Nordeste os adversários em postos mais relevantes (Foto: Alan Santos/PR)
Foto: Alan Santos/PR  Bolsonaro tem nos governadores do Nordeste os adversários em postos mais relevantes

Camilo Santana talvez seja o político que, em âmbito nacional, mais pratica a elasticidade, digamos assim. Ele é do PT, tem diálogo com Bolsonaro tão positivo quanto possível para um petista nordestino e ainda é aliado aos Ferreira Gomes.

Quando Sergio Moro defendeu Jair Bolsonaro (PSL) das críticas de preconceito contra nordestinos, o ministro da Justiça citou a colaboração com o Ceará na onda criminosa do começo do ano.

Ao citar os "governadores de Paraíba", Bolsonaro disse que o pior é o maranhense Flávio Dino (PCdoB). Rui Costa (PT), da Bahia, bateu de frente com o presidente e não o recebeu na visita de ontem ao Estado. Na escala de "governadores de Paraíba" do presidente, em um extremo estão Dino e Costa. Camilo está na outra. Talvez ao lado de Belivaldo Chagas (PSD), de Sergipe. Belivaldo e o alagoano Renan Filho (MDB) são os únicos que não pertencem a partidos de esquerda. Mas, Renan é filho de Calheiros, com quem Bolsonaro não se dá. Alinha-se com a esquerda. Os demais governadores são de PT (4), PSB (2) e PCdoB (1). O petista Camilo provavelmente é aquele que teve mais colaboração com Bolsonaro.

Os papéis e os resultados

O governador cearense não está errado em buscar entendimento com o Governo Federal, pelo contrário. É obrigação de quem governa e necessidade da população de um estado pobre como o Ceará. Assim como Bolsonaro não faz mais que a obrigação ao colaborar com os estados. É assim que deve ser, mas a política real é cercada de nuances.

Camilo é do partido que o presidente mais combate. Ciro Gomes também faz dura oposição a Bolsonaro, ao mesmo tempo que está no momento de pior relação com o PT. Não é fácil o equilibrismo que o governador pratica.

Não que ele tenha ficado calado depois da fala de Bolsonaro sobre o Nordeste. Após a fala do presidente, ele fez duas manifestações nas redes sociais sobre o assunto. Na sexta-feira passada, compartilhou a carta conjunta dos gestores da região. Na segunda-feira, voltou a se pronunciar.

O documento coletivo manifesta "espanto e profunda indignação" com a fala de Bolsonaro e cobra esclarecimentos. No texto individual, Camilo destaca que a eleição acabou e as diferenças devem ser deixadas para trás. Diz que ajudará quando puder e criticará e lutará o que achar contrário à população. Diz que o Nordeste está unido e o Brasil precisa se unir. "Chega de ódio e intolerância". O documento conjunto é mais duro e a fala de Camilo, mais conciliadora. Bem ao seu estilo.

Rui Costa se recusou a ir ao encontro de Bolsonaro na visita à Bahia. Fosse no Ceará, era improvável Camilo fazer o mesmo.

Em política, o certo e o errado dependem das opções e concepções. Camilo tem esse modo de agir como método de articular e governar. Acredita que, dessa maneira, pode obter os melhores resultados para o Ceará. É provável. Nesse momento de guerra de governadores da região com o Nordeste, o Estado administrado por um petista pode ser a referência de que Bolsonaro precisa para mostrar que não há discriminação.

Questão de fundamentos

Bolsonaro questionou dados sobre desmatamento da Amazônia, da mesma maneira que contestou dados sobre fome no Brasil. A dúvida é saudável, sempre. Mas, precisa ser fundamentada.

Está em voga questionar a ciência. Discute-se o aquecimento global e até se a Terra é redonda. Para fazer isso, é importante ter dados e elementos consistentes. Não dá para se só de orelhada, de achar, ouvir falar, de ter lido em redes sociais. Ciência não é opinião. Não é crença.

Contestar trabalho sério de forma rasa é desrespeitoso e sinal de pouca inteligência.

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